Quase sempre instrumental, abstracta e independente dos significantes que reificam as canções da pop ou do rock, a música de Oneohtrix Point Never ― isto é, de Daniel Lopatin ― acabaria, mais tarde ou mais cedo, por construir um diálogo com as artes visuais, em particular com aquelas que se fundamentam na imagem em movimento. Daí não constituir uma grande surpresa encontrá-lo ao lado de Nate Boyce, artista americano que centra a sua obra no vídeo e na produção de imagens, influenciado pelo cinema estrutural e pelas explosões cromáticas do psicadelismo. Depois de parte do seu trabalho ter servido de fundo para alguns concertos de Oneohtrix Point Never, Reliquary Houserepresenta a maturação desta colaboração, porventura a mais simbólica e complexa entre ambos. Estreada no MoMA, em Nova Iorque, no ano passado, no âmbito do projeto PopRally, articula formas e geometrias 3D inspiradas nas esculturas de Isamo Noguchi, David Smith, Jacob Epstein, Tony Smith ou Anthony Caro, com loops e samples não apenas de sons organizados (melodias, frases de piano) mas também de fragmentos de textos curatoriais e sinopses de obras. Nate Boyce e Daniel Lopatin tratam as peças dos artistas como assaltos alucinatórios e colocam-nas em movimento no ecrã, enquanto somos cercados por uma quadrifonia sonora.
Oneohtrix Point Never & Nate Boyce “Reliquary House”
— No Teatro Maria Matos
Entrada
7€ Com desconto