Este solo é uma espécie de aceitação de um tempo vazio e incerto que muitas vezes atravessa a criação de uma peça. Projectar os desejos do público e ao mesmo tempo não prescindir das nossas próprias motivações existenciais e artísticas é o maior desafio que o objecto artístico pode ter.
Os medos, a impossibilidade ou a dúvida atravessam o seu fazer revelando a fragilidade que o constitui (que nos constitui). Há que o assumir abertamente e não se esconder atrás de certezas que muitas vezes apenas ocultam a sua própria natureza efémera.
O facto de este trabalho ser construído e apresentado num espaço que se chama Negócio, levou-me a reflectir também sobre a relação inerente entre criador e espectador, numa lógica de negociação permanente dos papéis que cada um assume na existência do espectáculo.