As quase duas décadas de produção musical do sueco Mannerfelt tem sido um jogo alucinante de seguir. Um dos magos da electrónica atual cuja necessidade de exploração é inata. Com os Roll the Dice aprimorou a arte da composição e com Klara Lewis assinou um belíssimo retrato digital com o incógnito título KLMNOPQ. Pelo meio, contam-se as colaborações com Fever Ray e Blonde Redhead, assim como uma discografia a solo irrepreensível. As sementes da techno, as poeiras da afro e a distorção do punk industrial misturam-se numa festa meio demoníaca e extasiante comandada por um dos produtores mais despojados do seu tempo.
O arsenal de drum machines e sintetizadores que normalmente rodeiam o seu estúdio denunciam um criador frenético, curioso e exigente. O facto de chegar a tantos espaços, a partir de variadas abordagens, torna o acompanhamento do seu trabalho num prazer absoluto. Usa o humor de modo subtil, como forma de quebrar gelo, e não pensa duas vezes em activar um oscilador para destabilizar o mood. Discos como Lines Describing Circles ou Controlling Body são autênticos compêndios dessa liberdade marginal e destemida que tão bem caracteriza Mannerfelt.
Na ZDB vem apresentar-nos novas frequência sonoras, ainda por identificar. Até lá, testemunhar a ocasião é também fazer parte da história ainda por escrever. NA