Nome que temos vindo a encontrar cada vez mais vezes no fluxo das movimentações que mais interessam nos interstícios do jazz, da improvisação, da composição, do rock mais folgado e das propostas inauditas, Pedro Melo Alves junta-se à ZDB para dar novo fôlego ao seu ciclo Conundrum começado em 2018, continuado em 2019 e desde então em hiato. Nestes dois anos, e em contracorrente com a dormência e tensão especulativa da pandemia, Melo Alves arrepiou caminho e tem idealizado novas formas e linguagens que tiveram um momento particularmente marcante com a actuação do seu magnânimo Omniae Large Ensemble. Avançado ao longo de 2022, Melo Alves regressa a este mistério pessoal que é o Conundrum, proposta brava que põe o baterista em duo com alguém que admira e com quem nunca tenha actuado antes, num total de seis encontros. O primeiro encontro aconteceu em Janeiro com João Barradas, seguindo-se Rafael Toral em Março e Carlos Barretto em Maio.
Sem qualquer plano prévio ou estratégia, quebra-se assim o silêncio com uma música nascida de forma orgânica e aberta a inúmeras possibilidades, a vislumbrar um infinito.
Nesta segunda sessão, Melo Alves converge com Rafael Toral. Nome inescapável de vários avanços musicais perpetrados ao longo das últimas três décadas – dos Pop Dell’Arte a Sei Miguel, de colaborações com Sonic Youth ao clássico ‘Wave Field’, mais ainda – que tem desenvolvido, em particular desde ‘Space’ de 2006, um fraseado jazz para instrumentação electrónica com a cavalagem e transparência da história mas a inventar novas formas de abordagem e lirismo. O trabalho do seu Space Quartet assim o tem materializado de forma mais ou menos regular. Ou seja, tudo a bater certo para este encontro. BS