Praticamente um ano depois da apresentação de “Stossepeng”, peça multimédia que contou com a participação de Manuel Mota e David Maranha em guitarras, a ZDB volta a acolher as experimentações transdisciplinares em música e vídeo do compositor norte-americano Phill Niblock. Figura da mais invulgar importância no evoluir da estética minimalista ao longo dos últimos cinquenta anos, Niblock explora, normalmente através da incorporação de um conjunto de instrumentos convencionais como a guitarra eléctrica, o violino ou a flauta, as possibilidades microtonais do drone – aquilo a que Charles Ives chamou em tempos “as notas entre as ranhuras” –, criando um corpo de trabalho absolutamente singular, de permanente reequacionamento, sem paralelo na música contemporânea. Para além de um set onde o foco estará exclusivamente em Niblock e nesta relação perspéctica entre som e imagem, a performance contará também com um segundo set onde Niblock, ocupando-se agora exclusivamente da manipulação sonora, será acompanhado por Katherine Liberovskaya em edição vídeo e também por Gerd Stern, lendário poeta, boémio e aventureiro beat, pioneiro nos anos 1960 das novas correntes de pensamento intermédia (fundou no início dessa década o influente colectivo USCO, entre outras numerosas actividades), que irá recitar algum do seu trabalho. MP