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PILE ⟡ EVACIGANA

ter14.03.2322:00
Galeria Zé dos Bois


PILE ©Adam Parshall
EVACIGANA

PILE

No indie-rock norte-americano encontram-se vários exemplos de bandas que fizeram um caminho ao ritmo da persistência, teimosia e a crença inabalável de quem não quer, não pode, não dá para ter outra carreira. Pense-se nos Yo La Tengo – quase a fazer quarenta anos de carreira -, que precisaram de quase uma década para chegar à Matador e convidar o mundo a olhar para eles, para o passado, e, desde então, nem eles nem nós parámos de olhar para o futuro. Os Pile fazem parte desta categoria de bons teimosos. No activo desde 2007, naturais de Boston, a residir hoje em Nashville, aceitaram a lenta progressão como um caminho a percorrer, apostando em lançamentos contínuos e digressões, digressões, digressões. Pode-se dizer que começa agora a dar fruta que se veja. “All Fiction” (Exploding In Sound), a editar em Fevereiro, o novo álbum de estúdio em dezasseis anos, confirma o crescendo criativo desde “A Hairshirt of Purpose” (2017) e um bom seguimento a “Songs Known Together, Alone” (2021), daqueles álbuns que saíram durante a pandemia que têm tanto de desolador como de fascinante: sobretudo porque pôs a banda a reinterpretar temas já gravados e editados, despindo-os para o mundo com um filtro que comunicava o presente.

Trio de rock clássico, constituído por Rick Maguire (voz, guitarra), Alex Molini (baixo) e Kris Kuss (bateria), os Pile preparam-se para celebrar o lançamento de “All Fiction” com uma digressão de um mês pela Europa. O mais difícil está feito, na última década estiveram a ensaiar para tocar o disco da maioridade, aquele onde afinam o esqueleto punk/indie dos primeiros álbuns, com a ideia de canção inacabada de “Songs Known Together, Alone” e uma vontade de experimentar configurações e sons que estão para lá da formatação clássica do trio rock. O vigor e o power de sacar pérolas de 3 / 4 minutos continua todo lá. Agora só desabrocha para vários lados. O momento dos Pile está aqui. AS

EVACIGANA

Nascidos em 2018, os EVACIGANA praticam uma entusiasmante e colorida mistura de rock alternativo, pop e post-hardcore efervescente (como aquele que se fazia na viragem do milénio), cheia de ganchos orelhudos, riffs em zig-zag e fortes contrastes sonoros. A banda lisboeta conta, até agora, com “EVACIGANA”, demo auto intitulada lançada em 2019 e produzida pelos próprios e “Fortuna”, o primeiro EP, produzido e misturado por Nuno Monteiro (Monday, Memória de Peixe, Filho da Mãe), e editado em 2020, que os levou a actuar em salas como a Bang Venue, Texas Bar, Side B e a SHE, em festivais como o Emergente e lhes garantiu lugar na compilação Novos Talentos Fnac 2021. No início de 2023, estreiam-se com o primeiro LP, “Fiasco”, produzido pela banda e misturado por Guilherme Gonçalves (Keep Razors Sharp, The Legendary Tigerman).

“Fiasco”
Fiasco – Resultado desfavorável, desastroso ou negativo.
Depois da fortuna, como é que se lida com o fiasco? No caso de EVACIGANA, faz-se o primeiro disco. Os polos do som da banda alargam-se. Se outrora o rock piscava o olho à pop, agora a relação é assumida e feliz. Mas não se pense que um dos noivos se aprumou muito… As canções simplificaram-se, mas a meiguice e acessibilidade das mesmas encontra-se bem embrulhada por um papel rugoso e áspero. Oiça-se, por exemplo, o início vertiginoso de “Dobra”, tema que abre o álbum. Um choque epiléptico de guitarras e bateria, num riff punk que nos arrasta desenfreadamente e implode num apaziguador verso shoegaze, até se transformar num refrão orelhudo e pegajoso, que teima em descolar. Quando tentamos respirar um bocado, já o riff voltou e somos puxados de volta freneticamente, ainda a assobiar o refrão. Em contraste, “Anáguas”, o primeiro single do disco, é uma canção doce e singela. O baixo e bateria colados e a pulsar, as guitarras cintilantes, num jogo de espaços permanente, e as duas vozes frágeis, a guiarem as melodias a um auge caleidoscópio de euforia. É no meio destas contradições e aparente desconforto, que ao longo dos dez temas que compõem “Fiasco”, os EVACIGANA continuam a vincar ainda mais a sua peculiar identidade e colorida paleta sonora.

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