Tal como o título nos indica, Fala Mariam faz “Pintura-Pintura”, uma pintura que em si própria se concretiza. Assim foi descrito o seu trabalho pelo crítico e historiador de arte José Augusto França, para o qual a sua obra “(…) de quadro em quadro em quadro – ou de poema em poema, se explica a si própria, por ela, e não de fora, é explicada, na gramática apropriada, que é a da poesia”.
A sua produção, remanescente de um outro tempo, aludindo ao modernismo português e ao movimento simbolista, traçou o seu percurso individual através de uma continuidade trabalhada e da criação de um pensamento e linguagem próprios. Esta pede uma leitura e compreensão que, embora não nos seja dada instintivamente, nos permite a descoberta das várias camadas de significação colocadas em tela.
Fala Mariam tem vindo a expor regularmente, individual e colectivamente desde 1986, ano em que foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, trazendo-nos agora uma exposição que nos possibilita vislumbrar alguns momentos do seu percurso, assim como a sua criação mais recente, nunca antes exposta.