‘RESURRECTION é a sequela de A POWER BALLAD, espectáculo criado pelos coreógrafos Mariana Tengner Barros e Mark Tompkins, estreado em Dezembro de 2013 no Centro Cultural de Belém. A POWER BALLAD é a história de duas irmãs decadentes e excêntricas, Lorraine Starr (Mariana Tengner) e Desert Storm (Mark Tompkins), e a forma como lidam com o vazio deixado por uma fama acabada e já distante e com a obsessão do retorno às luzes da ribalta. E, de facto, a peça termina com o surpreendente regresso das irmãs ao palco.
Em RESURRECTION, aborda-se novamente o mundo do espectáculo: como manter a integridade num meio sórdido e cheio de intrigas? Como manter-se no topo? Como cultivar a adulação do público? Como lidar com a inveja, a competição e a traição? Com a solidão? É o aprofundamento de temas como a dialética do poder, as dinâmicas da ilusão e da desilusão, de ganhar e perder, o envelhecimento e a sobrevivência.
Assumida como um trabalho coreográfico, a peça navega, no entanto, entre as fronteiras da dança, do teatro, da música e da performance. RESURRECTION aprofunda a característica transgressora da forma e da fusão de géneros que se iniciou em A POWER BALLAD, seja a nível identitário, sexual, cultural ou musical.
Numa altura em que o mundo se encontra a digerir as mais recentes atrocidades e a regurgitar a cultura pop, as ilusões e mentiras desmascaram-se diariamente, a precariedade é trazida à tona, reconhecida. No entanto, pouco muda, camuflam-se as catástrofes com entretenimento como quem tenta enganar o tempo com botox. RESURRECTION mergulha neste vórtice da falha, de desejos e ilusões impossíveis de concretizar, que mantém Desert Storm e Lorraine Starr num perene caminho em direcção ao abismo. Desert acha que se devem construir mais muros para proteger os “bons” dos “maus”, Lorraine prefere não se envolver muito em nada, entregando-se à futilidade e querendo sempre corresponder às modas vigentes. O seu manager Tony pressiona-as para seu próprio proveito, Samor usa-as para espremer conteúdo “cor-de-rosa” para o seu programa de televisão, e todos são assombrados pelo fantasma/ arquétipo da Mãe e do Diabo, onde os afectos, relações de parentesco, dignidade, inveja, medo e libertação dançam em pura transgressão e sátira à sua condição.’
– Mariana Tengner Barros
Mariana Tengner Barros é Lorraine Starr
Mark Tompkins é Desert Storm
António MV é Samor
Jonny Kadaver é Bernie
Elizabete Francisca é Tony, Mãe e o Diabo