O universo em expansão do duo londrino continua a sugerir que alguma da música mais fascinante pode efectivamente vir daqui. É do espectro da electrónica onde aliás tem emergido um número considerável de propostas cuja natureza questiona, afinal, as expectativas estéticas da música contemporânea. Embora só este ano tenha surgido o tão aguardado álbum de estreia, a verdade é que os Rezzett não aterram neste 2018 completamente inocentes. Há toda uma pequena, mas brilhante, colecção de EPs que os colocou nos pontos certos. De resto, as suas edições encontram-se sob a chancela prateada da The Trilogy Tapes, label de sonho do hiperactivo Will Bankhead, que ao lado da L.I.E.S tem levado especialmente a electrónica a voos menos comuns (incluindo nomes como Ben UFO, Kassem Mosse ou Theo Parrish). O disco homónimo dos Rezzett traz uma compreensão difusa, e quase holística, desse termo tão abstracto e abrangente que é a música de dança. Até porque a dieta sonora que os inspirou parece infinita. Se tudo parece ter origem na base do techno e da house, a certeza dilui-se à medida que a escuta se vai aprofundando. O artesanato lo-fi com que tecem estas malhas encontra linhagem com muitas das interpretações digitais da herança jamaicana, com a guelra visionária britânica nos 90s e ainda reserva respiro sério para cenários restritos a batidas. É justo falar-se em dança, mas obviamente tendo em conta que a mesma também pode, e deve, acontecer quando o corpo está off e a mente encontra-se on. Esperam-se formas vaporosas e uma desorientação benigna como quem explora um outro estado.
