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Concertos

Riding Pânico ⟡ Quelle Dead Gazelle

Sáb08.06.1322:00
Galeria Zé dos Bois


Riding Pânico ©Dunya Rodrigues
Quelle Dead Gazelle

E os Riding Pânico expandiram o seu som. Não traíram o idioma que os distinguiu, liberto da rigidez das bandas americanas e inglesas – com cantigas ou mais velocidade. Nem abraçaram outros géneros em busca de companhia acolhedora. Não, a banda lisboeta concebida por membros dos Paus, If Lucy Fell e Men Eater, limitou-se a aprimorar as suas virtudes e, nesse processo, afirmou-se como banda rock. Isto é, abriu o livro todo. Makoto Yagyu, Jorge Manso, João Nogueira, Carlos BB, Shela e Fabio Jevelim tocam muito bem. Mas apenas a competência não explica um disco como ‘Homem Elefante’. O que fizeram então? Transcenderam-se numa celebração intensa dos riffs, da distorção, do volume. Abandonaram-se num êxtase humilde aos harmónicos e à sedução violenta da (incrível) bateria. O resultado foi uma maior autonomia das referências e a composição de temas instrumentais que vão revelando pequenas nuances, inflexões inesperadas. Como o fabuloso ‘Dance Hall’ que ascende sobre melodias épicas e desce à terra numa cadência agitada. Ou ‘Código Morte’ que começa por privilegiar a quietude e a introspecção, mas explode num frenesim eléctrico. E se há temas que sugerem citações óbvias (Sonic Youth, certo rock psicadélico), as guitarras arrancam ganchos que não autorizam confusões. Basta escutar ‘Bluberry Surprise’ e ‘Parece que perdeste alguém’: canções singularíssimas. Os Riding Pânico são artesãos, coisa rara nos dias que correm. E como artesãos gostam de fazer as coisas bem-feitas, repetidamente, interagindo com os outros. É essa vontade, essa dinâmica que brilha em ‘Homem Elefante’ e que este concerto traduzirá em sete canções onde somos todos (os) vocalistas. Quem falou em música instrumental?
A primeira parte da apresentação do disco do sexteto lisboeta cabe aos Quelle Dead Gazelle. Com Miguel Abelaira na bateria e Pedro Ferreira na guitarra, eis um duo que oferece as derivações do pós-rock algo que este tende a desvalorizar: o groove, o contágio dos corpos por meio do ritmo. Uma certa irresponsabilidade sónica sem sacrificar a experimentação e o furor das guitarras. Um apelo a uma dança violenta. JM

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