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Samuel Úria revisita “O Caminho Ferroviário Estreito”

sex28.02.1422:00
Galeria Zé dos Bois


©Samuel ÚRIA

Dos tempos da Flor Caveira até aos dias de hoje, Samuel Úria tornou-se num dos letristas e compositores de topo nacional. Uma caminhada ainda em curso e que não foi solitária, acompanhado esporadicamente com os Velhas Glórias e os Ninivitas, mas desde logo apurando sentidos de cantautor desalinhado. Os ecos na imprensa têm sido consensuais e o crescente reconhecimento junto do público uma realidade. Editando com alguma regularidade desde 2003, para a eternidade fica o momento dourado da composição em tempo real do disco ‘A Descondecoração de Samuel Úria’; um exercício de proximidade com os fãs, a partir do qual o músico acolheu e trabalhou as sugestões chegadas através de e-mail. Uma entrega meio vulnerável e meio disposta a tudo, que reflecte irremediavelmente o talento nato de um artista.

Com esse genuíno desígnio da feitura de canções, a sua capacidade de gerar uma diversidade de ideias estende-se por uma desmesurada torrente de palavras, imagens e estórias. Com um pé na tradição e outro na modernidade, aglomera referências e sons, aguçando um discurso peculiar e encantador. De Variações a Dylan pela eloquência, dos Talking Heads a Bowie pelos arranjos requintados, a pop entrelaça-se na folk para um resultado melódico, directo e sempre pessoal (“Eu nunca fui do prog–rock/ Eu já nasci depois do PREC/ Tarde demais para o proto-punk/ Branco demais para ser do rap”, confessa no tema ‘Teimoso’). Com mais ou menos seriedade, desvenda-nos o seu mundo e coloca sobre a mesa incógnitas universais e impressões acutilantes sobre a vida mundana, reconhecível por cada um dos nós, em tom sagaz e não raras vezes irónico. Como porta voz hipotético de uma geração actual, confessou um dia em entrevista que seria “preciso mais fado que lamúria”. Sentimento locomotor e transformador que se repercute no universo do homem de ‘Má Poesia Feia’.

‘Samuel Úria revisita O Caminho Ferroviário Estreito’ (2003) é o título desta noite ímpar em que o músico recupera aquele que foi o seu primeiro registo de sempre (na altura ainda em formato CD-R). Um brinde ao passado, mas também ao presente e – porque não? – ao futuro que aí vem. NA

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