Algures entre a pop rumo às estrelas e a irresistível imagética futebolística possível à memória colectiva, situa-se um dos mais bem sucedidos casos da música nacional nos últimos anos. Um quarteto de músicos experientes quer na produção musical, quer na persistência e engenho, essenciais ao alcance de grandes feitos. E desde o EP estreia homónimo que tem sido assim, um percurso de importantes conquistas. O rumo tem sido tão natural quanto possível: primeiramente dentro de portas, em que se multiplicaram os elogios e os convites de actuações um pouco por todo o país (passando inclusive pelo Primavera Club em Guimarães); pouco depois, já noutros voos, com a prestigiada editora checa AMDISCS a dar um claro sinal de aprovação, adicionando-os à sua imensa família.
Um sentido ascendente em termos biográficos que, de resto, acompanha a permanente sensação de descolagem na música dos Sensible Soccers. Igualmente inegável é o facto de possuirem um apurado condão melódico, cujo toque determina essa preciosa e vital escalada do mero mundano ao espaço reservado para ‘algo maior’. De poros bem abertos às graças das implosões e explosões resultantes da sua dinâmica criativa enquanto banda, ganham-se escapes sonoros radiantes como o caso de ‘Missé-Missé’, uma espécie de mantra em escala de hino para tantos ouvidos atentos, aquando a edição do seu EP. A delicadeza nos detalhes e a capacidade de detonar quando necessário completam esse efeito de magia que circula por entre estes quatro rapazes.
‘8’ dá título ao novíssimo disco da banda e será naturalmente o maior destaque desta actuação. Escutando o que aí vem, apercebe-se o quão apuradas se encontram as paisagens por si criadas. De formas mais abstractas e melodias mais esparsas, sente-se uma evolução no sentido em que a banda se desprende do padrão pop/rock – inclua-se aqui a leveza da electrónica ambiental assim como fusões kraut ou até os territórios da new age em alguns momentos. Fica pois a sensação que este será definitivamente um grande ano para os Sensible Soccers.
Pisam o palco da ZDB em modo de território virgem, todavia com a certeza de que ali mesmo criarão um habitat imediato digno desse nome. Dentro ou fora desse campo, o golo já foi marcado. Resta-nos, pois, celebrá-lo. NA