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Special Interest ⟡ Ravenna Escaleira

seg13.11.2322:00
Galeria Zé do Bois


Special Interest
Ravenna Escaleira

Special Interest

Amplificando todas as premissas já por si só bem patenteadas nos seus dois primeiros álbuns, ‘Endure’, lançado em finais do ano passado pela mítica Rough Trade, tem levado este bando de agitadoras de Nova Orleães a um novo palanque simbólico de exposição. Não que exista aqui qualquer tipo de manifesto Agitprop ou a uma divisão hierárquica entre performer e ouvinte. Para este quarteto, é na comunhão brilhante de suor e glitter do mosh pit e da dança que se clama pelo espaço, num acto de catarse colectiva que tem tanto de celebratório e libidinal quanto de contestatário e desesperado, urdido às palavras da incendiária Alli Logout. Projectando um novo Mundo das inevitáveis cinzas deste em que agora sobrevivemos, as letras de Logout partem dessa angústia vivida para vislumbrar um possível futuro alimentadas numa conflagração de punk, disco, funk e pop com brilho glam. Fusão plena de sentido para uma banda que teve em Erykah Badu, David Bowie, Nirvana e Nine Inch Nails os pontos de entrada na música para cada um dos seus elementos, como disseram numa entrevista à NPR.

Com as guitarras de Maria Helena, o baixo de Nathan Cassiani e os sintetizadores e caixa de ritmos de Ruth Mascelli a conjurarem a banda sonora para a presença irradiante de Logout, Special Interest limam as inclinações no wave mais abrasivas do passado numa música instantaneamente mais memorável, mas igualmente intensa. Afinal de contas, é melhor que as palavras ecoem no momento do que lutem para se fazer ouvir. A pop também pode (e deve) ser urgente. O ataque cerrado de acordes punk e guinadas ruidosas abre-se ao balanço dos ritmos marciais e/ou dançáveis de Mascelli e às linhas de baixo líquidas de Cassiani, pulsando com uma energia vital que deita por terra quaisquer revivalismos punk-funk que tenhamos tido. Para que não haja qualquer tipo de engano. Da disco libertadora de ‘(Herman’s) House’ – homenagem a Herman Wallace, um dos três revolucionários que esteve em confinamento solitário durante 41 anos na penitenciária do Louisiana -, até ao batimento marcado do fecho épico com ‘LA Blues’ passando pelo funk lascivo de ‘Midnight Legend’ com Mykki Blanco e pela densidade quase industrial de ‘My Displeasure’, temos aqui um possível manual de sobrevivência para os dias de hoje. E do amanhã. BS

Ravenna Escaleira

Artista originária do Porto, entretanto sediada em Lisboa, após passagens pelo Brasil, Espanha e Itália, naquele que tem sido um processo de autodescoberta que se reflecte na sua música, Ravenna Escaleira apresenta um corpo de trabalho que se estende da música à poesia e às artes visuais. Tendo explorado de forma muito particular e directa a electrónica, sob o pseudónimo de RVN, com o qual deixou algum legado digital e actuações que tanto se acercavam do noise mais cru quanto de texturas quase ambientais, tem, nos últimos anos, desenvolvido uma linguagem ao saxofone nas ruas de várias cidades, experiência vivida na pele e soprada com um lirismo expressivo, próximo da balada mais dorida, e desenhado pelo espaço acústico por onde vai soando.

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