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Música
Concertos

Steve Gunn & David Moore ⟡ Inês Condeço

dom25.02.2419:00
Galeria Zé dos Bois


Steve Gunn & David Moore ©Annie Forrest
Inês Condeço ©Inês Cabral

Steve Gunn & David Moore

A forma como interpretamos a música ambient sofreu muitas transformações nos últimos anos. A tecnologia facilitou, criar ambient a partir do quarto tornou-se fácil, muitas vezes preguiçoso, não pela ideia de fácil, mas pela concretização em si: a maior parte da música ambient de hoje preocupa-se mais com a forma do som do que propriamente aquilo que o som transmite (o outside e não o inside). Porque ambient ultrapassa a ideia de “som ambiente”. É também um estado. Isto para falar da colaboração de Steve Gunn & David Moore, nascida a partir de uma nova série da RVNG Intl. no dossier “Reflections”. Ideia talvez fruto da pandemia, de como podemos progredir e inspirar-nos noutros ritmos de vida.

“Let The Moon Be a Planet” coloca o guitarrista Steve Gunn e o pianista David Moore em território que não lhes é estranho, ambos tentaram o bucólico noutras ocasiões, noutras vidas. O que ressalta da combinação não é tanto a ideia de os juntar, mas o que sai das camadas. Ouve-se a guitarra e o piano como se fizessem parte de tentativas de concretizar uma banda-sonora para um filme. Há aquela sensação, digamos, de música para paisagem (no melhor dos sentidos), que deixa espaço para respirar e algo entrar. Conforme se vai entrando nessa paisagem, percebe-se que o que aqui fizeram vai além da ideia espontânea de música ao serviço de algo. Começa-se a pensar em Brian Eno e, sobretudo, em “Music For Airports”. O que leva então à questão da música ambient, Gunn e Moore encontram um local de partilha a partir da combinação dos seus instrumentos de referência. Criam música para lá do serviço, serviço no sentido de música que se encaixa numa ideia (quanto mais não seja na associação de reflexão associada à série da RVNG Intl.). Tudo respira em “Let The Moon Be a Planet”, nada acontece, os movimentos encadeiam-se com sensibilidade e delicadeza, o que se ouve acalma e, sobretudo, deixa-nos estar, como ouvintes. A existir com aquela música, a senti-la e a não senti-la, presente e não presente. Quando damos por ela ficamos melhor e é por darmos por ela que deixa de ser serviçal, servir uma ideia. Como deve ser a música ambient. Quem quer vir levitar com eles? AS

Inês Condeço

Lacuna é o primeiro álbum de Inês Condeço. Com o piano, voz e sintetizadores como instrumentos centrais, explora sonoridades e atmosferas que deambulam entre a esperança e o abismo. Assumindo-se como um álbum dentro da música ambiente, experimental e electrónica, é uma viagem pelas memórias e emoções da artista, onde a sombra e a luz, a força e a vulnerabilidade se entrelaçam de forma natural. Coexistem sem se sobrepor. É um álbum cru e despido de complexidades.

Inês Condeço iniciou os seus estudos musicais em Leiria, licenciou-se em Música (Piano – Música Clássica) na Universidade de Évora e concluiu a Pós-Graduação em Arte Sonora: Processos Experimentais na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. No último ano tem vindo a desenvolver o seu projeto a solo como artista independente, explorando sonoridades e ambientes próprios. No início de 2024 lançou o seu primeiro álbum Lacuna e é aqui que apresenta a sua própria identidade, a sua própria linguagem.

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