Na essência da arte mais honesta está a improvisação como base para criar, recriar formas e desconstruir conceitos. Naquela que é a origem da música rock no sentido mais puro, impõe-se uma bateria sólida, riffs ligados à corrente ou mensagens revolucionárias, Still House Plants encontra-se na fundação clássica do rock, mas vai contra todas as suas normas — se é que elas existem. O trio de Glasgow vive num carrossel de experimentação artística, onde a improvisação jazz encontra a urgência do punk e a crueza do garage rock. Long Play editado em Outubro de 2018, ergue-se com novas roupagens, onde o ‘classicismo jazzístico’ rejuvenesce ao piano ou em paletas de violinos desconcertantes.
Não se trata apenas de romper o convencional, o trio formado por Finlay Clark (multi-instrumentalista), David Kennedy (bateria) e Jessica Hickie-Kallenbach (voz) liga elementos sonoros que aparentemente não habitam no mesmo universo; partindo de campos experimentais, erguem spoken-word genuíno sobre camadas ‘loopícas’, trechos rítmicos desarranjados, free-jazz dramático e rock repentino. Os Still House Plants colocam-se nesta fronteira de convergência, um campo pouco comum ou de visibilidade escassa em que surgem nomes como CURL de Mica Levi ou mesmo Tirzah. A volátil deambulação dos Still House Plants encaminhou-os entretanto para uma actuação no célebre Cafe OTO e digressões com Mette Rasmussen ou Sholto Dobie.
Aclamados por publicações de renome como “The Wire” ou “The Quietus”, os Still House Plants abrem-se para os palcos do mundo com o novo disco Long Play, e chegam até ao Aquário da ZDB para apresentá-lo. JH