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Subway Riders ⟡ The Dirty Coal Train

sáb28.06.1422:00
Galeria Zé dos Bois


Subway Riders
The Dirty Coal Train ©Hugo Joel e Beatriz Rodrigues

Grande noite de rock e roll. Ah, como isto soa obsoleto, antiquado, velho. Mas esqueça-se a frase, ouça-se a música. Como lhe escapar? Como calar a agitação alegre que ela provoca no corpo? Se o fado toca a alma, o eterno baile das guitarras com a bateria toca (n)a alma depois de subir pelo corpo. Quem ouvir o novo disco dos lisboetas The Dirty Coal Train desliza para esta festa sem perdão e com prazer. A arrogância da secção rítmica, a fúria suave das guitarras, o descaramento da voz e dos coros são irresistíveis. Haverá logo quem rumoreje, entredentes, que Dirty Shake (o novo disco do quarteto) não passa de uma súmula gratuita e requentada de referências, Ah, o equívoco! Sim, ouvem-se ecos de garage rock, de surf music, de punk, de rock, mas os The Dirty Coal Train são artesãos, como foram os The Clash, os Sonics, Link Wray, os Gun Club ou os Buzzcocks. Demore o tempo que demorar, gostam de fazer bem as coisas e fazem-nas. Rejubilem, por isso, com a beleza dos acordes, com a nobreza do baixo, com a confiança da bateria. Não há aqui redundância ou adornos. Apenas o apelo emocionante e emotivo do rock and roll, que esta música liberta em canções como Mala Suerte ou Queen of the Jungle. Dentro do som dos The Dirty Coal Train não é o revivalismo que vinga, mas a celebração da energia e da beleza da adolescência. Mas a noite ainda não acabou. Prossegue, agora mais caótica, com a irrisão, o destempero e o humor dos Subway Riders, também eles com novo disco, que reúne temas antigos e recentes. Não, não pretendem homenagear os The Long Riders e os Subway Sect (se o fizessem, também não viria mal ao mundo). Esta banda provém de outra geografia, outra linhagem. Nasceu em 1989, em Coimbra, sob o entusiasmo de Carlos Dias e Vítor Torpedo, como um power-trio que dispensava regras e formatos em favor da expressão colectiva e individual. Antoine Pimentel, dos Belle Chase Hotel, foi o primeiro baterista, Paulo Furtado, o segundo e, com o tempo, os Subway Riders transformaram-se num grupo informal, desabrido, aberto aos contributos de amigos. Sucederem-se concertos e em 1999 a gravação de um disco que nunca chegou a conhecer a luz do dia. Banda clandestina ou projecto lateral, os Subway Riders recordam a anarquia dos Thrown Ups e dos The Nig-Heist, mas não se ficam pelo gesto. Desde que voltaram a tocar, exibem uma exuberância que deixa entrever, com humor, a memória do rock e que reivindica para as novas canções, como Fly (um elo imaginário entre os Holy Modal Trounders e os The Residents) Damn Dog (fuzz-rock afiado ao som do saxofone) ou a magnífica Sleep Baby Sleep, muito mais do que a lembrança de uma lenda. Dito de outro modo, o que começou como uma banda “secundária” será nesta noite a banda. JM

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