No ano em que se completam cinco anos após a estreia discográfica de Cameron Stallones enquanto entidade Sun Araw, é inevitável destacar a quantidade de lançamentos. Quantidade expressiva, de facto, mas provavelmente mais importante que isso, de diversidade. Cinco anos que representam o desenvolvimento de uma sonoridade multifacetada, sempre aberta a novas indagações e nunca idêntica a experiências suas passadas. Para trás, permanecem também colaborações férteis com os Eternal Tapestry e o mui celebrado encontro com os históricos The Congos – um dos grandes discos do finado 2012. No viveiro mestiço que é a música de Sun Araw, a sua dimensão espiritual remonta às explorações jazzísticas de Don Cherry e Edward Larry Gordon, complementados pelos ensinamentos do dub e do rock psicadélico inscrito na década de 70. Composições esfíngicas, cujas melodias serpeantes se complementam com o eco narcótico em direcção ao infinito. E o groove constante, claro, elemento mais-que-essencial à ideia de viagem presente no escapismo sonoro. Neste caso, de temperamento solar e não solarengo. Depois existe toda a plasticidade pop que Stallones domina, isto é, o modo como acança formas, imprime cores e crava texturas. Uma moldagem apenas equiparável ao savoir faire de contemporâneos como Black Dice ou Excepter. Perfazendo o valor, aquela crença quase cega que com eles, o objecto musical é um estranho bicho selvagem.
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