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Música
Concertos

Sun Araw ⟡ Diva ⟡ Matthewdavid

sex12.04.1322:00
Galeria Zé dos Bois


Sun Araw
Diva
Matthewdavid

Sun Araw

No ano em que se completam cinco anos após a estreia discográfica de Cameron Stallones enquanto entidade Sun Araw, é inevitável destacar a quantidade de lançamentos. Quantidade expressiva, de facto, mas provavelmente mais importante que isso, de diversidade. Cinco anos que representam o desenvolvimento de uma sonoridade multifacetada, sempre aberta a novas indagações e nunca idêntica a experiências suas passadas. Para trás, permanecem também colaborações férteis com os Eternal Tapestry e o mui celebrado encontro com os históricos The Congos – um dos grandes discos do finado 2012. No viveiro mestiço que é a música de Sun Araw, a sua dimensão espiritual remonta às explorações jazzísticas de Don Cherry e Edward Larry Gordon, complementados pelos ensinamentos do dub e do rock psicadélico inscrito na década de 70. Composições esfíngicas, cujas melodias serpeantes se complementam com o eco narcótico em direcção ao infinito. E o groove constante, claro, elemento mais-que-essencial à ideia de viagem presente no escapismo sonoro. Neste caso, de temperamento solar e não solarengo. Depois existe toda a plasticidade pop que Stallones domina, isto é, o modo como acança formas, imprime cores e crava texturas. Uma moldagem apenas equiparável ao savoir faire de contemporâneos como Black Dice ou Excepter. Perfazendo o valor, aquela crença quase cega que com eles, o objecto musical é um estranho bicho selvagem.

Matthewdavid

Sem aparatos de maior, Matthewdavid tem vindo a consolidar nome na electrónica de vistas largas. A blogosfera mais atenta há muito que percebeu o potencial deste jovem produtor norte-americano, que lançou fortes cartadas em casas como a Stones Throw e Brainfeeder (do mago Flying Lotus) ou ainda na plataforma dublab. Uma visão holística do diálogo electro-acústico não distante daquela cultivada pelos Lucky Dragons que sabe igualmente tomar corpo ora no hip hop mais atmosférico, ora na pop de perfil retro-futurista.
Fluidez seja talvez a expressão-chave para definir o que se escuta no seu trabalho. O ritmo surge no centro de tudo e guia-se por essa característica aquosa de percorrer inclusive géneros menos expectáveis como a disco. Uma figura suis generis, felizmente de difícil descrição, que reúne tudo aquilo (ou quase tudo) que um melómano pode sonhar. Ser cool sem ceder a modas é assunto sério. NA

Diva

Poucos deverão lembrar-se dos BlackBlack, nem sequer a questão será relevante. Contudo, é uma referência interessante para perceber de onde veio e para vai Diva Dompé. Da noise-pop dos primeiros tempos até ao maravilhoso vórtex electro de agora, fica a breve passagem pelas Pocahaunted, facção seminal da melhor colheita da editora Not Not Fun.A solo parece ter aplicado estas e outras experiências à sua abordagem actual. Contos oníricos entrelaçados a paisagens desconcertantes que Terry Gilliam certamente não desdenharia. A convivência permanente entre o bizarro e o adorável desemboca, estética e idealmente, nas canções criadas por Diva.
Pairando num tempo dúbio e recorrendo aos triunfos da baixa fidelidade, o mais recente ‘Moon Moods’ respira dessa névoa enigmática, adensada pelos mantras dos sintetizadores. Paisagens espaciais onde os planetas se assemelham a bolas de espelho e as estrelas brilham certamente com maior intensidade. NA

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