ZDB

Música
Concertos

Super Ballet c/ No Age ⟡ Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs ⟡ Sun Blossoms

ter11.09.1821:00
Galeria Zé dos Bois


No Age
Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs
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Quem escrever o segundo volume de Our Band Could Be Your Life não deixará de incluir os No Age. Não apenas porque este duo de Los Angeles encarna o espírito do-it-yourself que guiou as bandas retratadas no livro de Michael Azerrad, mas sobretudo porque são herdeiros vivos da ideia de rock imortalizada nessas páginas. Desde 2005, entre concertos no já mítico The Smell, em discos como Neck Escaper, Get Hurt, Weirdo Rippers ouNouns, que Randy Randall e Dean Allen Spunt prolongam e expandem essa herança. Uma panorâmica sobre a discografia permite, aliás, imaginar uma síntese (possível) dos Mission of Burma, Sonic Youth, Bad Brains, Pavement e Beat Happening. Uma síntese possível, mas, necessariamente, incompleta. Se os No Age acolheram essa herança foi para a transfigurar, para a animar. Escutem o disco mais recente, Snares Like a Haircut. São doze canções banhada pela languidez sónica dos My Bloody Valentine, pela leveza musical da Kranky, pela sensibilidade polifónica de uns Black Dice, de uns Animal Collective ou de uns Deerhunter.
O punk ou o noise-rock dos No Age não tem o músculo ou a secura violenta dos antecessores. Em contrapartida, tem mais cores, nuances e modulações. Não rejeita a simplicidade e o carácter efémero, transiente, da pop: envolve-o num abraço sincero e fraterno. E insiste no alegre e juvenil culto da melodia, ao mesmo tempo que se dispersa, devagar, por ilhas de feedback e distorção doce. Sim, a agressão já não está aqui. Mesmo temas como “Tidal” ou “Cruise Control”, enleadas na vertigem da força e da velocidade, comunicam uma delicadeza, uma vulnerabilidade que certo rock nunca soube ou quis cultivar. Na sua imediatez, no gosto tradicional pelos temas curtos e formas mais convencionais, a música Nos Age é complexa, plural. Adequa-se bem a estes tempos fragmentados, liquefeitos, mas a fim de os transcender nas canções e, sobretudo, nesse momento de pura performatividade que é o concerto. Assim será nesta noite, oito anos depois da primeira actuação na ZDB. O rock feito de novo alegria dos corpos e dos espíritos.
Adenda sonora e incontornável: nesta noite subirão ainda ao palco os Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs, quinteto de Newcastle que traz na mala o álbum King of Cowards, bela e sentida destilação do melhor stoner-rock (isto é, com a memória dos Black Sabbath e dos Kyuss); e o trio Sun Blossoms que inventa no EP Cruising, lançado em Junho passado, a banda sonora para American Graffiti se este fosse um filme do século XXI. JM

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