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Super Ballet c/ Deerhoof ⟡ Sunflowers [ESGOTADO]

qua15.11.2322:00
Galeria Zé dos Bois


Deerhoof ©Ryan Hover
Sunflowers ©Valéria Martins

A utilização de máscara é recomendada nesta noite. Gostaríamos de contar com o vosso apoio para que a banda se sinta o mais confortável possível. Agradecemos a vossa atenção.

Deerhoof

No panorama do indie-rock existem, aliás, existiram ao longo da história do rock/indie-rock, poucas bandas como os Deerhoof. Formaram-se em 1994 em São Francisco, sobreviveram a várias bolhas da cidade (e, ao que se sabe, ainda não são dos californianos que se mudaram para Lisboa, mas estaríamos dispostos a recebê-los bem) e a sobreviver se mantêm. A longevidade aplica-se como factor de raridade, à cabeça é possível compará-los com os Yo La Tengo (que até são mais velhos, 1984), mas ao contrário da banda de Nova Jérsia, os Deerhoof nunca subiram para patamares que lhes dessem uma maior visibilidade ou aceitação comercial. Isso traduz-se em quase três décadas de carreira por editoras mais low profile e com uma atitude alinhada com o espírito independente da banda. Acresce que também ao longo desses trinta anos têm mantido uma formação mais ou menos regular e sem sofrer alterações desde 2008: Satomi Matsuzaki (voz e baixo), Greg Saunier (bateria) e os guitarristas Ed Rodriguez e John Dieterich. Satomi é japonesa e os Deerhoof foram cunhados pelo seu sotaque e fluência únicos. E, ao décimo nono álbum, “Miracle-Level”, editado este ano, ainda encontram espaço para inovar e arriscar: é o primeiro álbum da banda cantado na íntegra em japonês.

Nesta pequena listagem, falta o essencial. E não se está a falar da influência que deixaram no rock / indie-rock desde então, nos elevados elogios que artistas com maior perfil foram deixando ao longo dos anos. A maior característica do quarteto é o som, o rock absolutamente primário à procura da melodia que brinca em constância com alguma ideia de rudeza sem alguma vez a estampar. É melódico, pop, com uma identidade que só pode ser atribuída aos Deerhoof. Por outras palavras, ninguém é capaz de imitar a banda de São Franscisco. Deve haver quem tente, contudo, o som natural, precoce e infantil está-lhes no sangue. Não é facto, ou factor a menosprezar. Manter as coisas neste nível, a planar numa ideia, numa forma de fazer as coisas é obra. Fazê-lo ao longo de tanto tempo só os tem tornado melhores, mais refinados, em constante procura de novas ideias e caminhos para fazer a mesma coisa (mais uma vez, encontram-se com os Yo La Tengo). Alguns álbuns do início de 2000 ficam na eternidade por terem surgido num momento oportuníssimo de um reencontro de uma geração com o rock presente (“Halfbird”, “Reveille”, “Apple O’” e “Milk Man”), mas os Deerhoof de hoje são mais capazes do que aqueles de há duas décadas. Não, não estão a ficar mais jovens enquanto envelhecem, mas sabem fazer e comunicar com maior simplicidade e bondade o rock primordial e elementar-belo com que encantam o mundo há décadas. Lutadores, sobreviventes, únicos, ter os Deerhoof em 2023 é razão para acreditar que isto tudo ainda tem salvação. AS

Sunflowers

Formados em 2014 e urdindo do Porto, os Sunflowers andam a deixar o panorama musical português agitado desde então. Talvez seja porque o que sai do sistema de som não parece relacionado com o seu nome florido. Talvez seja pela sua ética de trabalho inigualável e inquietante. Talvez seja só controlo da mente através de ondas rádio. Quem sabe? Em mais de 300 concertos por dois continentes (até agora), partilharam palco com bandas como Oh Sees, Moon Duo, Black Lips, Night Beats, Boogarins, La Femme, etc e tocaram em festivais como Festival Indigènes (FR), Endless Daze Fest (SA), Inner City Psych Fest (SA), Bristol Psych Fest (UK), Festival Europavox (FR), Festival Super Bock Super Rock (PT), NOS Alive (PT), entre muitos, muitos outros.

No seu espírito de ignorar-tudo-o-que-lhes-foi-dito-para-o-seu-bem, a banda mostra-se irreverente nos concertos ao vivo, entregando uma performance que tem tanto de block party psicadélica como de sessão de esfaqueamento sonoro. E pedem ao público para partilhar a sua energia, para a propagar mais longe do que as colunas de um PA com uma coluna furada o consegue fazer. Para deixar que faça aquilo que foi concebida para fazer: quebrar com as correntes simbólicas que nos prendem as mãos, distraindo-nos com ecrãs, anúncios de casas de apostas e vídeos de life hacks inúteis.

Haverá alguém que irá tentar manipular, censurar e controlar as ondas sonoras para que estas fiquem salvas do ataque sónico iminente da banda. Mas não conseguirão baixar o volume dos seus rugidos e muito menos o volume dos seus amplificadores. Isto é uma banda que sacrificou os seus ouvidos para que pudéssemos estudar de perto o tão bonito efeito Larsen. Está na altura de sacrificar os vossos.

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