É em redor da performance e da composição que o norte-americano Tashi Wada tem vindo a desenvolver uma admirável linguagem, cada vez mais sua. Simultaneamente ancestral e futurista, a obra explora o binómio, e demais relações intrínsecas, entre elementos físicos e figurados. Filho do artista Yoshi Wada, um dos membros mais celebrados do movimento Fluxus, nos anos 60s, é com o pai que tem vindo explorar as possibilidades de uma música minimalista, litúrgica e transcendental, genuinamente fora de uma noção de tempo convencional. A riqueza electro-acústica, as estruturas não lineares ou a inclusão de sons e objectos mundanos, imprimem uma natureza invulgar – numa época onde já pouco se destaca e muito se dilui.
Nesta vinda a Lisboa, Tashi Wada vem acompanhado de ilustres. Da incontornável Julia Holter na voz e teclas, nome maior a destacar nesta formação (e peça fundamental na música dos dias de hoje); passando pelo percussionista Corey Fogel, um mago na improvisação internacional. Importa referir que parte integra a banda de Holter, ou seja, amplamente familiarizados com a subtileza e luxúria dos detalhes. No meio, e como não poderia faltar, o próprio Tashi Wada, a cargo dos sintetizadores e gaita de foles. A aura de magia deste evento é inevitável; seja pela qualidade técnica e criativa de cada elemento da banda (e todos eles com carreiras a solo imperdíveis), seja pelo contexto com que se apresentam cá. Um concerto inédito, fruto de uma residência artística na ZDB, em que escutaremos novas composições, ainda não editadas. Absolutamente imperdível. NA