ZDB

Transdisciplinar
segundas na z

The King of The Rood ~ segundas na z

— de Maria Peixoto Martins

seg01.04.2422:00
Galeria Zé dos Bois


The King of the Rood ©Maria Peixoto Martins
© Maria Peixoto Martins

~ segundas na z ~ Encontros e experimentação, todas as segundas-feiras, no terraço, às 22h. Iniciadas por Claudia Lancaster, continuam com Laura Gama Martins.

The King of The Rood

Pi

Pi

Pii Pi Pii Piiiiiiii

Ouve-se.

Na realidade sente-se, o som quebra a barreira auditiva e entra pelo nosso corpo fazendo sentir-se por ele inteiro, é um som que se vê e se sente na reverberação, até se poderia dizer que tem sabor a som, sabor a carro, sabor a fumo, cheiro a gasolina.

O Egipto sente-se. “Cairo, és cheio. Cairo, és simpático. Cairo, és traiçoeiro.”

Na comunicação pelo som, verde, amarelo ou vermelho, pouco interessa, no Cairo sente-se, na dança complicada o malabarismo da estrada é testado ao limite entre olhares e buzinas. Pobre criança que inventou o som “Pi” numa buzinadela de esperança, nunca terá ido ao Cairo, certamente perderia a confiança no ato de brincar. Na cultura do carro, quem está lá dentro é rei.

O espectador é levado a passear nas ruas do Cairo, subjugado ao que é andar na cidade, num exercício puro de observação, ações inúteis sob o barulho das buzinas, palavras afogadas por um “Piiiiiiiii”. Em The King of the Rood, a artista Maria Peixoto Martins leva o público em viagem, na parte de trás de um Chevrolet T, no caos de estímulos do centro metropolitano da cidade.

É criada uma intimidade com os condutores e com os carros, um a extensão do outro, por um olhar voyeurístico de precisão que entra por dentro das janelas. No detalhe das imagens pelo desfoque da velocidade, sente-se um desconforto da intrusão quando o olhar do condutor é recebido pela lente da câmara. Da mesma forma que observa, Peixoto Martins sente-se observada entre o barulho das buzinas, na ausência do silêncio, uma peça nova no puzzle realçada pela diferença. A artista posiciona-se de fora para dentro, num núcleo confuso que só o confidente entende, de lente aberta ao interior.

The King of The Rood é uma imersão autêntica, despojada de equívocos, uma porta aberta de interpretações ao espectador, sem condescendência ou desatino, uma captura íntima e honesta transcendente às três dimensões. Caracterizada por um ar pesado de poluição, mas leve de ironia e admiração, a obra é encapsulada no seu título, num “a” perdido algures nas ruas do Cairo.

Maria Peixoto Martins

Maria Peixoto Martins (Almada, 1996) vive e trabalha em Lisboa. Em 2014, iniciou estudos em Cinema, Vídeo e Comunicação Multimédia e, em 2018, concluiu a licenciatura em Fotografia na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (2016-2018). Trabalha na área dos audiovisuais desde 2016. Em 2023, ingressa no mestrado em Comunicação e Multimédia no IADE.

Na sua prática artística, explora principalmente a fotografia, vídeo e instalação. Dedica-se essencialmente a questões sociais, recorrendo ao humor, a psique e o corpo-humano adquirem lugar de destaque. As questões da performance, representação e da auto-representação ocupam um lugar central nos seus projetos. Cada vez mais analisando os limites da fotografia digital, como a pixalização e aberrações cromáticas.

Desde 2022, realiza exposições individuais como 7 Janeiro, no Centro de Interpretação José Luís Peixoto, Galveias (2024) e Um Dó Li Tá com Rita Leitão, na Galeria Vieira da Silva, Loures (2022). Participando também em exposições coletivas desde 2017, destacando as mais recentes, Quer Curtas ou não #5, um evento do Jornal s/título na Prosa Plataforma Cultural, Lisboa (2024), Nervo – Observatório do Fotolivro Português no séc. XXI, no Centro Português de Fotografia, Porto (2023) e Now, I Wonder, na Lx Lapa, Lisboa (2022). Foi finalista na Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira 2022 e recebeu o prémio Incentivo Duplacena no festival Fuso – Videoarte 2023.

Mariana Baião Santos

Mariana Baião Santos é curadora, escritora e empreendedora cultural com experiência internacional. Trabalhou na Maddox Gallery em Londres, onde coordenou exposições e colaborou na assinatura de novos artistas. Como co-fundadora da Corrente de Ar, em Lisboa, lidera a organização de eventos culturais e exposições, tendo alcançado reconhecimento dos media e da comunidade. Possui mestrado em Curadoria de Arte Contemporânea pela Royal College of Arts, contribuindo regularmente com artigos para publicações como a Umbigo Magazine, enquanto desenvolve trabalho como curadora independente entre Portugal e Inglaterra, tendo tido exposições em locais como a Galeria Plato, em Évora, a Fábrica Features e a Galeria do Campo Pequeno, em Lisboa, e no Royal College of Arts, em Londres.

Manuel Coxinho aka Pé.Coxinho

Manuel Coxinho aka Pé.Coxinho (Évora, 1994) vive e trabalha em Lisboa. No ano de 2016, termina a sua licenciatura no curso de LLC – Literatura e Artes, na Universidade de Évora. No decorrer dos seus estudos desenvolveu o gosto pelo movimento associativo, acabando por fazer parte como membro da Direção da Sociedade Harmonia Eborense, onde teve como funções a criação e divulgação de ciclos de cinema. A partir desta casa participa em diversos DJ sets, onde espelha as suas preferências musicais, que passam desde o rock à música eletrónica, passeando pelos recantos da música mais romântica ao syntwave.

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