Frequentemente associadas ao apadrinhamento dos Shabazz Palaces, este deverá ser apenas um ponto de partida para uma descoberta maior. Porque as referências servem para isso mesmo, para situar, e porque a surpresa leva muitas vezes ao entusiasmo de quem explora o desconhecido. É precisamente dessa feliz indefinição estética – abrangente e criativa – que a música das THEESatisfaction nasce e se materializa. Ainda que respire de um ambiente digital, a influência orgânica é vital, com tudo o que de mais fascinante existe entre um mundo e o outro. Fará sentido apontar referências ao hip hop, mas a via é, inevitavelmente, redutora. Tudo parece emergir da confluência entre palavras e ritmos, albergando de forma natural e descomprometida uma multiplicidade de linguagens que englobam o r n’ b, a disco, o jazz e o funk. Ou por outras imagens, os ecos de Erykah Badu, ESG e Ursula Rucker. Será por isso fácil imaginar o calor presente nestas canções, guiadas por um groove contínuo e completadas por vocalizações simultaneamente sensuais e bizarras. Contudo, não deixa de ser curioso o facto de essa ambiguidade, aliada à sua dimensão expressiva, conferir uma estranha familiaridade ao que se escuta nas THEESatisfaction. Apetecível enquanto objecto futurista e irresistível como ilustração do que está a acontecer de realmente interessante na música do ‘agora’, esta será mais uma estreia nacional pela mão da ZDB. NA