Trata-se inevitavelmente de mais um capítulo no percurso do carismático líder dos Sonic Youth. Quase meio ano após o último disco The Best Day, o jovem senhor Moore convoca a real companhia que o apoiou nesta empreitada para uma merecida digressão europeia. Ainda que na memória colectiva possa estar bem viva a apresentação que deixou por Lisboa nesse período, é certo que cada actuação acrescenta, subtrai ou multiplica sempre algo à anterior – mais não seja pela diferente escolha de quem o acompanha em cima dos palcos. Desta vez os convites foram endereçados a três figuras com provas mais que dadas no panorama da música independente – e de outra forma não poderia assim ser. À baixista Debbie Goose (dos My Bloody Valentine e com passagens nos Primal Scream e The Stone Roses) junta-se Steve Shelley (eterno baterista dos Sonic Youth) e o improvável guitar hero que é James Sedwards, mais notado pelo seu contributo nos Chrome Hoof e Nought, mas amplamente venerado pelos seus dotes técnicos aliados a uma criatividade peculiar, que de resto justificou os maiores elogios por parte de John Peel ou Jimmy Page. Uma tripla de peso, detentora de carta branca em direcção ao improviso vulcânico.
É aliás sob esta posição de genética libertária que chegam à sala Aquário. Um concerto singular e irrepetível nesta tour, num gesto que agracia o espaço que, a pouco e pouco, tem tido o privilégio de se afirmar como um habitat natural para Thurston, segundo palavras do próprio. Sendo reconhecido o gosto pela experimentação e investigação em inúmeros géneros que passam pelo blues, punk rock ou música concreta, existe uma boa margem de segurança para afirmar que esta ocasião não poderá ser escutada ou testemunhada em qualquer outro lugar. Tão simples e essencial quanto isto.. NA