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Thurston Moore, Steve Shelley, James Sedwards ⟡ Control Unit

dom30.03.14
Galeria Zé dos Bois


Thurston Moore, Steve Shelley, James Sedwards
Control Unit

Thurston Moore, Steve Shelley, James Sedwards

Já muito se escreveu sobre Thurston Moore embora a sua história esteja sempre incompleta. Parece ser invariavelmente assim com os grandes ícones, resta sempre algo por contar. Após uma monumental obra de três décadas com os Sonic Youth, o fim anunciado teve um inevitável sabor amargo para quem os acompanhou nessa intensa jornada. Com as vantagens e desvantagens naturais dessa posição, Moore estará eternamente associado à banda que influenciou, não só boa parte do curso do rock contemporâneo, como também várias gerações de seguidores e ávidos consumidores de música. Afinal esta arte tem esse pequeno grande poder de também transformar um pouco o mundo de cada um. Moore, Gordon, Ranaldo e até o mais discreto Shelley, foram construindo também o seu próprio mundo, em vidas paralelas ao seu núcleo duro, através de obras a solo ou em colaborações ao longo dos anos. De modo que, sobre o trabalho colectivo, desde cedo que palpitava um percurso individual.

Homem de mil e um ofícios, o guitarrista é conhecido pela sua busca ávida de música essencial (seja ela nova ou perdida no tempo). Esse papel tem justificado uma curiosidade natural em seu redor e em diferentes níveis: quer no apadrinhamentos de novos artistas, pela edificação da editora Ecstatic Peace ou visível até na mais mundana lista dos seus discos favoritos que num ápice se torna viral nas redes sociais. Este respeito não apenas na figura em si, mas nas suas escolhas, vivências e projectos, é fruto de um espírito incessável de criação e partilha. Assim como de uma vontade genuína em se desafiar a si mesmo. Não se trata de um processo de reinvenção, será antes uma questão de estabelecer novas fases e alcançar outros capítulos sem anular por completo uma linguagem que se quer própria e que há muito se encontra patenteada. Por isso reuniu amigos para formar os Chelsea Light Moving e também por isso embarcou – ainda que brevemente – pelas entranhas do black metal com os Twilight. No fim de contas, Moore possui uma enorme satisfação em surgir acompanhado com gente que admira independentemente das suas condições de debutantes ou veteranos. Provavelmente nenhum outro gesto demonstra a tremenda modéstia de alguém que poderia confortavelmente viver à sombra de um passado glorioso. Mas o papel de interveniente é mais forte que o lugar de voyeurismo pop e aos 55 anos de idade mantém uma jovialidade invejável, praticamente em todos os sentidos possíveis.

Nos últimos anos tem-nos visitado com alguma regularidade. Um claro privilégio traduzível num acompanhamento íntimo, e em tempo real, dos diversos prismas do seu mais recente laboro. Regressa à ZDB, mas rodeado como gosta; ou seja, com aqueles por quem nutre o mais puro apreço. Desta feita, apresenta-se com um ensemble especial, onde se incluem alguns dos melhores do nosso tempo. À magia absoluta de Steve Shelley na bateria (o eterno baterista dos Sonic Youth) acrescentam-se a energia vulcânica da guitarra eléctrica de James Sedwards. Uma dupla fortíssima, plena de identidade e de radiação, cujo encontro com Moore reservará certamente uma matiné de momentos de expressa beatitude.

voz e guitarra eléctrica: Thurston Moore | bateria: Steve Shelley | guitarra eléctrica: James Sedwards

Control Unit

Duo magnânimo parido no epicentro artístico de Brooklyn, os Control Unit têm desconstruído desde 2008 um complexo e pantanoso esquema pós-industrial e no-wave. Partindo de um Triângulo das Bermudas de vértices assinalados pelo strobe dos Throbbing Gristle, Suicide ou Cabaret Voltaire, o último álbum ‘In A Frame’ clarificou melhor o espírito hediondo que plana sobre as visões sonoras de Silvia Kastel (sintetizador/percussão) e Ninni Morgia (guitarra). Um composto de colagens punk/dadaístas onde do minimalismo nasce uma espécie de transe adornado por batidas cadavéricas e quase-melodias que se perdem e se encontram no meio deste ciclone em câmara lenta. O efeito é eficaz e conquista acima de tudo pela coesão e pelos ganhos colaterais de tais experiências.

Embrenhados no seu covil musical multifacetado, têm vindo a colaborar, no entanto, com lendas do underground norte-americano como Factrix e Smegma ou ainda Oxbow, Colossamite e Peter Evans – no caso de Morgia. Nesta sua primeira exibição nacional, convocarão ruído e ritmo da forma mais errada e mais intrigante possível. Absolutamente contaminante.

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