Em 1995, nasceram em Lisboa, estudaram na Faculdade de Belas-Artes da UL e moram juntas num rés-do-chão na Graça. Partilham uma vontade em projetar cenários hipotéticos de possibilidades infinitas e arbitrárias com recurso a elementos práticos da realidade.
Em Tweaking your brain with magnets makes you less religious, Maria e Beatriz servem-se das limitações estruturais do mundo material para especular sobre teorias metafísicas da comunicação. Formulam hipóteses desafiadoras da realidade, em que confluem noções físicas, filosóficas, tecnológicas e ambientais.
O título é apropriado, ironicamente, de um artigo sensacionalista referente a um estudo que pretende polarizar os efeitos psicológicos de estimular determinadas áreas do cérebro com ímanes.
Potenciam uma reflexão fantasiosa do cérebro enquanto receptor que assimila a transmissão de ideias pré-existentes no vácuo, propagadas através de ondas magnéticas – com as qualidades de determinada ideia. Se a ideia não for materializada passa para um outro receptor mais próximo, que esteja calibrado com as qualidades desse conceito.
O fluxo magnético surge enquanto representação genérica de todos os fenómenos situados na zona limítrofe entre o espírito e a matéria. A partir daí, as artistas recorrem à pesca magnética como atividade que materializa essa interacção do mundo físico com a curiosidade pelo desconhecido, e que – através da arbitrariedade dos resultados – permite conjecturar narrativas ocultas dos objetos metálicos submersos, fortalecendo tanto a exploração artística e arqueológica de lagos, rios e canais, como a limpeza e desobstrução das linhas de água.