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Venus X ⟡ TNT Subhead

qui09.05.1322:00
Galeria Zé dos Bois


Venus X

Em pouco tempo, as festas GHE20G0TH1K [lê-se GhettoGothic] tornaram-se uma referência incontornável na movida Nova Iorquina e no imaginário global de quem busca novos sons e novas formas de expressão. De pequenos armazéns, incógnitos para a maioria, a clubes de maior dimensão, a cultura bass encontrou aqui um ponto convergência com géneros variados como rap, house, salsa ou zouk. Uma fusão musical – e experiência visual, reforçada pelos suportes de vídeo – que exprime a multiculturalidade do melting pot próprio da cidade, apelando à liberdade sexual, à consciência política e, obviamente, à mais pura celebração. Movidas por uma atitude punk do ‘fazer acontecer’, a frescura conceptual destas festas e o seu natural reconhecimento por publicações como o New York Times, a Village Voice ou Fader tornaram-nas simplesmente lendárias. Michael Stipe, A$AP Rocky, M.I.A e uma série de ilustres ligados ao mundo do cinema ou da moda têm sido alguns dos seus frequentadores assíduos. Na génese destes eventos (e de toda a comunidade que gerou) encontra-se a jovem Jazmin Venus Soto, senhora Venus X. Agitadora nata e alquimista pop por convicção, é fácil perceber porque estamos perante uma das mais entusiasmantes DJ da atualidade; as razões passam essencialmente pela ousadia estética, pela mestria e bom gosto ou ainda pela técnica (por vezes, policamente errada/genialmente iluminada) como mistura cada género. Um estilo desenvolvido por si, muito próximo de statement pessoal, e saudavelmente longe do produto neo-exótico descartável. Concentrada na criação de um espaço mental híbrido, recorre frequentemente a samples do canal Al Jazeera e vídeos encontrados pelo Youtube numa ligação umbilical com a realidade em que a música acaba por assumir o papel de veículo para as suas observações. De resto, Venus X deposita em cada set magia suficiente para acreditar tratar-se de um terreno ainda de ninguém, senão dela. Feito que justificou um arrojado convite dos agentes de Shakira para recomendações musicais mais radicais e um roubo de propriedade intelectual por Diplo, que lhe valeu a posição de beef do ano. Num momento de intensa e merecida atenção em seu redor, a DJ mantém-se confortável no circuito que a viu nascer, indo em direcções opostas às expectativas e fazendo o que mais gosta: baralhar a lógica do jogo. Diga-se, com a honestidade necessária nestas coisas, que a indiferença perante o seu trabalho não é de todo uma escolha, é antes uma inevitabilidade. Lisboa fará parte desta história recente e testemunhará a estreia de Venus X por terras lusas. Voodoo de Primavera, o melhor possível, cuja presença é mais que-obrigatória. Para que não se passe ao lado da explosão de tamanho talento. Até porque sobram poucas (nenhumas?) razões para isso. NA

TNT Subhead

Um dos casos mais bem sucedidos de internacionalização nos últimos anos, Tiago Miranda é uma figura de proa da electrónica actual. Produtor e DJ, já deixou a sua marca na icónica DFA de James Murphy, assim como outras editoras sonantes como a Rong ou Italians Do It Better. Mas a história não fica por aqui; num passado não tão distante fundou os Loosers, deu cartas com os Dezperados e Gala Drop, enquanto encabeça uma série de outros projetos. Habitualmente encontra-se na cabine do Lux, onde mantém residência nas noites TRUST. Conhecedor exímio das paisagens kraut, disco ou techno, vem à ZDB enquanto o pseudónimo TNT Subhead. Nesta apresentação não inocente, dará a conhecer o álbum de estreia ‘Ecstasy & Release’. Trata-se do culminar físico de um conjunto de ideias e experiências a fervilharem desde 2010 e agora reunidas numa peça essencial para compreender o seu percurso e, por conseguinte, o mote perfeito para (re)descobrir o universo imersivo que tem criado. Fascina, acima de tudo, pelo modo como alinha cada elemento na sua música sem nunca a tornar complexa ou impessoal. Através de uma sensibilidade apurada face à importância dos detalhes e atento às ilusões da hipnose em cada melodia, conduz as suas composições ao desembocar estratosférico – o único final possível. Como tal, cristaliza, como poucos, aquela sensação de leveza eufórica, algures entre a benção dos excessos e letargia luminosa que nascem inesperadamente numa noite mais prolongada. E nada disto faz tanto sentido quando partilhado em jeito de comunhão. Um rei no seu trono que tem vindo a vislumbrar um espaço ainda por mapear. NA

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