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White Magic ⟡ Coelho Radioactivo

sex17.04.1522:00
Galeria Zé dos Bois


White Magic
Coelho Radioactivo ©Dias Vieira

White Magic

O entendimento folk segundo os White Magic, banda liderada por Mira Billote, subsiste em indagar o belo, o enigmático e tudo o que possa existir entre um elo e o outro. Tornaram-se senhores de um estilo encantatório logo desde o primeiro EP Through The Sun Door, porém sempre mantiveram uma presença modesta no contexto musical em que surgiram – circa 2000/01 – na então hiper germinadora Nova Iorque via Brooklyn. Depressa assinaram para a Drag City, uma das mais distintas editoras de música independente norte-americana, e logo embarcando em apresentações com Will Oldham ou Thurston Moore.

Distinguem-se pela voz carismática de Mira que se eleva por entre as composições cuidadas e detentoras de um sentido de sedução inato, como um estado de hipnose. Escutamos a ressonância do blues assim como cânticos espirituais que rodopiam no universo banda sem que assentem inteiramente numa posição reconhecível. De modo inverso a outros contemporâneos seus que se entregaram de corpo e a alma a uma abstracção de dimensão xamânica – reinada pelos poderosos No-Neck Blues Band – nos White Magic a concentração parte inicialmente na melodia para atingir à posteriori eventuais efeitos extra-sonoros. É curioso reparar que as harmonias inusitadas, ao piano ou à guitarra e que lhes confere uma genética ímpar, remontam em certa medida aos saudosos Quix-o-Tic, a primeira banda de Mira. Por lá pairam os momentos chave de tensão, de pausas e silêncios, tal como bizarras paisagens entre o macabro e a horrífico, embora actualmente desmarcados da estética pós punk que envolvia a banda. Uma deliciosa versão do clássico Katie Cruel de Karen Dalton permitiu-lhes uma maior exposição durante o ano de 2006, altura em que a longa duração Dat Rosa Mel Apibus vê por fim a luz do dia. No entanto, esta não seria a única incursão de sucesso em covers visto que um ano depois participariam dessa forma no filme de Todd Hayes, I’m Not There inspirado no mito de Bob Dylan.

Contam-se cerca de cinco anos desde a estreia dos White Magic em Lisboa. Às melhores memórias dessa actuação, deverá juntar-se agora este concerto de cariz especial por três grandes motivos: pela longa ausência dos palcos, pelo facto de estar prestes a ser editado um novo EP e desta ser uma rara apresentação a solo de Mira Billotte . Como se deve calcular, uma experiência que dificilmente se repetirá. NA

Coelho Radioactivo

Não se julgue que a tenra idade não possa trazer conteúdo embriagado de coisas normalmente mais associadas à idade adulta. Talvez fosse mais expectável se João Sousa se entregasse de corpo desnudo ao hedonismo do punk rock mas nesse caso perde-se-ia um jovem promissor escritor de canções.

É sob a designação de Coelho Radioactivo que tem edificado um sólido baralho de composições, disposto com o preceito digno de um castelo de cartas. Integrante na editora online Gentle Records (onde se encontram também Flamingos e Moxila), desde 2011 que faz da sua página de Bandcamp uma montra por excelência do que vai produzindo e ali partilhando. E há muito para escutar, entre mini álbuns e dois de longa duração, de onde se destaca o mais recente e amplamente aplaudido Canções Mortas. Disco ousado pelos motivos acima transcritos mas igualmente pleno de detalhe, aprumo e eficácia. Reconhecem-se as paisagens montanhosas de Amen Dunes ou as noções de espaço sugeridas por Mark Hollis. Alusões dispersas como quem “espera que a inspiração venha e depois pede-lhe para ficar um bocadinho” segundo palavras do próprio.

Para esta sua estreia no Aquário convidou Luís Gravito, um dos mais jovens e incansáveis cantautores nacionais enquanto Cão da Morte. Os dois estarão em palco para alguns temas num desfilar de classe garantida, numa história que promete não ficar por aqui. NA

guitarra, farfisa e voz: João Sousa | voz: Luís Gravito

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