Após cancelamento desta congregação em 2017 por força de complicações de saúde do Senhor William Parker, 2019 torna este encontro transatlântico uma realidade. Deste lado o trompetista Luís Vicente, cuja actividade tem sido imparável ao longo dos últimos anos, a rodar continuamente por toda a Europa, a colaborar com gente de respeito — Julien Deprez, Mark Sanders ou Vasco Trilla são casos recentes — e a dar nome a novo trio com Hugo Antunes e Pedro Melo Alves. Tocou também já por algumas vezes com John Dikeman, saxofonista em ascensão sediado em Amesterdão, cuja linguagem tem sido aprimorada continuamente em inúmeras colaborações e rodagem, mais ou menos próxima do jazz, com a improvisação em foco e um manancial de técnicas e soluções de respeito. Trabalho louvado que o leva ao trio com com estes dois gigantes : Hamid Drake e William Parker. O primeiro é um dos maiores bateristas e percussionistas vivos a operar do jazz para outras músicas = verdade inquestionável. Dono de um domínio tímbrico, ritmico e textural capaz de açambarcar as vontades e balanços da América Central e Latina ou da música do Médio Oriente num mesmo contínuo tão espiritual quanto histórico, de partilha e miscigenação natural. Em comunhão com grandes como Don Cherry, Pharoah Sanders, Herbie Hancock ou, com grande recorrência, William Parker. Lenda. A chegar aos 70 anos e com história passada, presente e futura no jazz, no improviso, na libertação. Na elevação do contrabaixo, a deixar um campo de acção e uma discografia imensa, quer enquanto líder, quer enquanto colaborador regular de David S. Ware, Peter Brotzmänn ou Charles Gayle. Longo e abençoado trajecto desde que começou a dar nas vistas ao lado do saudoso Cecil Taylor (RIP). Aqui, num quarteto sem organizações hierárquicas ou juízos de valor. Pela música. BS