Os Wrekmeister Harmonies (WR) são um colectivo relativamente informal concebido e liderado há nove anos por JR Robinson, figura secreta e generosa daquele universo musical onde o “rock pesado”, a música sinfónica e o minimalismo se encontram. Quem consultar os músicos que passaram pelas suas fileiras vai encontrar gente como David Yow (ex- Jesus Lizard), Jef Whitehead (alter-ego dos Leviathan), Fred Lonberg-Holm, Chris Brokaw (ex-Codeine e ex-Come), Alexander Hacke (Einstürzende Neubauten), Chip King Lee Buford (The Body) ou Marissa Nadler. É uma lista que ilustra bem a constelação a que os WR estão ligados, mas está longe de resumir a música que fazem como escutámos ainda este ano em ”The Alone Rush” (Thrill Jockey Records, 2018) o mais recente álbum do colectivo. A singularidade autoral dos Wrekmeister Harmonies revela-se integral, irredutível a narrativas alheias. Trata-se música que não abdica da força lírica das guitarras, do grito furioso do rock, que em lugar de uma publicidade contínua, prefere as profundezas e a gravidade. A grandiloquência não é contudo um traço das suas canções. Fale-se antes de melancolia, de uma consciência existencial do mundo e da vida (bem patente nas menções a Bela Tarr e a Primo Levi) que embala, sem desespero, ou explode. Rock que faz pensar, entre a electricidade, a marcha da bateria e as palavras. São os Wrekmeister Harmonies, ouçam-nos com coragem e esperança. JM