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caroline

— ZDB no B.Leza

sex03.04.2621:00


caroline © El Hardwick

caroline

Tornam-se raros os casos como os caroline. Ingleses, cresceram – é mesmo assim – desde 2017 até aos dias de hoje, de um trio para uma formação com oito elementos. Os números contam, sobretudo porque no caso deles não são só números, são pessoas que tocam instrumentos e que fazem isso valer a pena quando os ouvimos. Até porque não os ouvimos apenas, sentimos, fazem-se valer pelo que tocam e como tocam, como misturam, idealizam e humanizam uma ideia de música. Pode parecer pouco. Hoje em dia, quando se fala tanto de inteligência artificial, é quase essencial mostrar o segundo álbum dos caroline, “caroline 2”, como um contraponto de tudo. É o que acontece quando gente feliz e amiga, com os mesmos interesses, vontades e visão, se junta.
Os caroline são um caso interessante. O primeiro álbum era uma promessa de pós-rock, de putos entusiasmados por pós-rock, que nos entretantos ouviram Mark Fell, deliciaram-se aqui e ali com música concreta e quiseram juntar essas ideias sem ponta de nostalgia, apenas com genuíno entusiasmo intelectual. O álbum homónimo era, percebemos agora, uma coisa com as ideias arrumadas. Só isso, só que o isso não tem nada de mal. 2022 vai longe e os medos de um primeiro álbum também. Em 2025 trouxeram música confiante, que desafia o que pensamos de pós-rock como os Gastr Del Sol, Labradford e Tortoise fizeram a determinado momento e, sobretudo, criam harmonia no caos, fazem a luz surgir nos momentos menos óbvios, são uma segunda vida dos Microphones naquele período mágico de 2000/2001 em que lançaram “It Was Hot, We Stayed In The Water” e “The Glow, Pt.2”. Contudo, é injusto fazê-los valer por comparação, em 2025 trouxeram ao mundo algumas das melhores canções que ouviremos durante muito tempo – “Total euphoria”, “Tell me I never knew that”, com Caroline Polachek, e, preparem-se, “Coldplay cover”. Não é uma cover de Coldplay, também não é uma paródia a isso, mas um exercício fantástico sobre o que as melodias nos fazem acreditar. E fazem mesmo. No que se quiser.
As pulsações em “When I get home” gritam o bom uso de trabalho em estúdio por parte dos caroline. Uma batida techno que toca ao fundo, enquanto vozes prometem um crescendo iluminado que nunca acontece. Acontece outra coisa, bem típica dos caroline – que aprenderam tão bem dos Microphones -, transforma-se noutra música. Impossível não acreditar que em 2026 só estarão melhores. Só podem.
AS

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