Em Drag(on), Mariana Tengner Barros convoca o corpo como portal de passagem, não para a representação, mas para a experiência crua de estados alterados. Entre rito e espectáculo, a performer dissolve os protocolos da cena, deslocando o olhar para um território onde o familiar se abre ao mistério.
Entre dragões e drag, entre travestismo e xamanismo, a metamorfose inscreve-se no corpo como transe, espasmo e possessão. Não há narrativa linear, mas correntes invisíveis que arrastam o espectador por paisagens apocalípticas e mitologias aquáticas. A banalidade torna-se aurificada, o rosto perde contornos, e o gesto explode em orgia involuntária.
Este solo ergue-se como ode às águas e às suas potências – lágrimas, rios, mares, celebrando a diferença, a estranheza e o cosmos visionário interior. Drag(on) é a emergência de um real mais real, um convite a reaprender a ver com o corpo, a sentir o invisível e a habitar o imaginal esquecido.
