Do quarto para o palco, Rita Cortezão encontrou na canção uma forma de tentar lidar com os sufocos da vida de jovem lisboeta. A procura de uma identidade própria, os amores e desamores, o tempo, essa treta abstrata, que se revela impiedosa na sua passagem e na sua repetição, são os tormentos e benesses que ecoam pelas canções da jovem.
As cantigas de Rita encontram-se preenchidas por sons analógicos com tanto de caseiro como de estúdio profissional, onde o dedo de Benjamim – que a recrutou para a “sua” Discos Submarinos – se faz escutar ao serviço da grandiosidade sentimental destas composições. Em Novembro, a cantautora de 25 anos apresenta na ZDB o seu primeiro álbum, que será lançado a 24 de Outubro pelos Discos Submarinos: tudo, um pouco. Um conjunto de 10 temas escritos e compostos pela artista com produção assinada a quatro mãos com Benjamim.
“dia após outro”, “lisbolha” e “o tempo que fica“, são os temas de avanço de um disco de estreia onde a palavra escrita ocupa o centro das canções, na tentativa por parte da artista, não só, de criar um lugar seguro para si mesma onde possa ser o mais sincera possível, como também encontrar formas improváveis de descrever experiências universais e dar novos significados a certos lugares-comuns.
Só nos resta a nós fazer uma coisa: escutar com atenção, encostar o ombro ao amigo mais próximo e chorar um pouquinho.
MR