Subversiva no que respeita a expectativas, faz da pop um novo lugar de constante surpresa e experimentação vívida. No limiar entre o corpóreo e o imaterial, James Krasner não chegou aqui à boleia de nada mais que a sua própria diligência. Desde cedo estudiosa de instrumentos de corda, viu no rock independente uma palete de expressividades sónicas que desde então a acompanhou. Entre a sua cidade natal de Nova Iorque e o seu pousio escolhido de Berlim, Krasner mergulhou num circuito fervilhante entre concertos noise, festas ilegais ou happenings multidisciplinares. Não se tratava de crédito hipster, senão mesmo de uma necessidade de se afastar de lugares e públicos institucionalizados – e em conformidade com as formas pouco convencionais que a atraíam.

Essa certeza de onde colocar os passos, em direção a uma identidade (ou múltiplas, dependendo do ângulo), levou-a a encontrar e a trabalhar pelo caminho, gente como Beta Librae, Yves Tumor, Drew McDowall, Moin ou Oli XL. Enquanto artista residente da rádio online NTS, tornou-se evidente a metamorfose que demanda: da música ambiental, do industrial, do shoegaze ou dos sons recolhidos numa qualquer rua. Essa confluência de estímulos, levou cada disco a uma outra dimensão, reconhecendo-a até entre diversas roupagens musicais.

Ainda hoje Random Girl é um invulgar diamante no brilhante catálogo da Incenso. Ao lado da ondulação rítmica de DJ Python, Huerco S. ou Buttechno, James K não será peixe fora de água, senão espécie de animal mitológico que ascende o mero entendimento biológico. Um conjunto-coral de canções rarefeitas que encontra luz na escuridade e descobre zonas cinzentas até nos matizes mais garridos. Um álbum luxuoso de texturas e evasões oníricas que ampliou as possibilidades já presentes no anterior PET. Chegando a este tempo presente, Krasner prepara-se para editar um próximo álbum onde volta a baralhar para fascinar. Fala-se em evocação trip-hop ou alusões ao drum n bass, sabendo que nada disto será escutado como imediatamente soa. Friend poderia ser só um mais um regresso, mas promete bem mais que isso.

Started in 2023, Villa, Redhead is the solo project of Portuguese artist, producer and numerologist João Maciel. His music is difficult to place in one category, spanning different shades of rock, ambient music and hypnagogic pop, while always maintaining a strong melodic sensibility. A distinct vocal style—close-mic and shaped with autotune—is directly influenced by Organ Tapes, while his balance of experimentation and pop sensibility draws from Arthur Russell. Guitar textures later became more central to his sound, reflecting inspiration from late ’90s and early 2000s indie rock bands such as Built To Spill, The American Analog Set and The Wrens.

His debut album Cocoon (2023) was a sample-heavy, collage-like record, while later works such as 120 μs and Infinite Abundance leaned further into guitars and hazy atmospheres. Writing on Nina Protocol, J. Vienberg described Infinite Abundance as “a hazy collection of indie styles” and highlighted its opening track “Thank You So Much Universe” for directly invoking numerology and acknowledging the pathos of the record’s title. His latest release, the double single Getting by, In my head (2025), was praised by Nina’s editorial team as “languid and bittersweet dream pop.”

Alongside his solo work, Villa, Redhead has also released two collaborations: I Can’t Help It with Texas-born electronic folk artist Quiet Light, a groovy and trippy breakbeat, bedroom pop single, and a 13-minute track featuring ambient tape loops and noise samples with a spoken-word piece done by Zane Alexander S.B. Both projects show his openness to exploring different musical forms while maintaining a consistent artistic voice.

With the aim of keeping all of the esotericisms while making more and more palatable music on the verge of pop songs, Villa, Redhead continues to shape his own musical identity with no wish to conform to expectations.