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segundas na z

Notre musique ⟡ O, Persecuted ⟡ UNDR ⟡ Filme dos Outros ~ segundas na z

— Sessão #1 Cinema Troiano: Arquivos espectrais da Palestina

seg06.10.2522:00
Galeria Zé dos Bois


Notre musique (extractos), Jean-Luc Godard, 2004
O, Persecuted, Basma al-Sharif, 2014
UNDR, Kamal Aljafari, 2024
Filme dos Outros, Lincoln Péricles, 2014

Sessão #1 do ciclo de cinema das segundas na Z Cinema Troiano: Arquivos espectrais da Palestina, programado por Cristina Hadwa e Raquel Schefer em diálogo com Laura Gama Martins.

Notre musique, Jean-Luc Godard, 2004, França-Suíça, projecção de extractos de uma duração aproximada de 20’, ficheiro digital.
“Três partes, intituladas respetivamente: Reino 1 – Inferno, Reino 2 – Purgatório, Reino 3 – Paraíso.
O ‘Inferno’ é composto por diversas imagens de guerra, sem ordem cronológica, nem histórica. As imagens permanecem silentes, acompanhadas de quatro frases e quatro músicas.
‘O Purgatório’ passa-se nos dias de hoje na cidade de Sarajevo, por ocasião do Encontro Europeu do Livro. São conferências ou simples conversas a propósito da necessidade de poesia, da imagem de si e do outro, da Palestina e de Israel, etc., tanto entre pessoas reais, quanto imaginárias. A visita à Ponte de Mostar em reconstrução simboliza a permutabilidade entre a culpa e o perdão.
‘O paraíso’ mostra uma jovem mulher que, tendo-se sacrificado, encontra a paz numa pequena praia à beira-mar. A praia é vigiada por alguns marines dos EUA.”
Numa das conversas do filme, diz Mahmoud Darwish: “Eu era uma criança de um povo que não tinha sido reconhecido até então. E eu queria falar em nome dos ausentes, em nome do povo troiano”.

O, Persecuted, Basma al-Sharif, 2014, Palestina-Reino Unido, 12’, ficheiro digital.
Em O’Persecuted, Basma al-Sharif reinventa as modalidades de re-emprego de arquivos, mediando performativamente, através da pintura e do seu próprio corpo, os sons-imagens da curta- metragem Our Small Houses, realizada pelo cineasta iraquiano Kassem Hawal e produzida pela Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) em 1974. O filme de al-Sharif não interpela apenas a história e a memória da luta anti-colonial, mas também as próprias formas fílmicas do cinema militante, desestruturando-as. Os arquivos do filme de Hawal são contrapostos a imagens recentes de festas de praia no território ocupado por Israel que, quando profanadas, dão a ver a alienação e a malaise do colonizador.

UNDR, Kamal Aljafari, 2024, Alemanha-Palestina, 15’, ficheiro digital.
“O olhar da câmara volta obsessivamente aos mesmos lugares, uma perspectiva vertical que controla, sítios arqueológicos usurpados, pedras que repousam há milhares de anos no deserto. Os lugares que a câmara observa não estão, contudo, despovoados: entrevemos, como que vislumbrados ao longe, os camponeses que trabalham a terra, eles próprios convertidos em paisagem.
Algo perturba a quietude do lugar: explosões na terra e no mar preparam terreno para novas cidades com novos nomes, para novas florestas.
Esta cenografia transforma-se numa cenografia da apropriação.”

Filme dos Outros, Lincoln Péricles, 2014, Brasil, 20’, ficheiro digital.
“Nesta última década, Filme dos Outros (2014), de Lincoln Péricles, realizado no Capão Redondo, periferia de São Paulo, operou a partir de uma compreensão cristalina de como a luta de classes se imprime na materialidade das imagens. Seus procedimentos tomam como ponto de partida inequívoco a percepção de que a sociedade de classe das aparências é organizada e valorizada conforme sua resolução. Realizado com arquivos de dispositivos de filmagem roubados, Filme dos Outros expõe esse ‘outro’ a partir das câmeras que cada filmador possuía.”
Maria Bogado, Cinética.

O filme de Lincoln Péricles abre com imagens de arquivo da luta pela sobrevivência durante os bombardeamentos de Gaza em 2014. Se o prólogo aponta para o continuum de violência colonial na Palestina e reforça o sistema enunciativo do filme, assente em agenciamentos colectivos, essas imagens “pobres” — filmadas, tal como as de hoje, pela população palestiniana — simultaneamente operam como contraponto das restantes sequências, inscrevendo o filme e a sua démarche em toda uma gesta de resistência política.

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