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qui05.12.2421:00
Galeria Zé dos Bois


Rabit ©Lane Stewart
DJ Music ©João Madureira

Rabit

Das táticas grime ao formato de pura inquisição sonora, o texano Eric C. Burton tem dado provas mais que suficientes de um valor inestimável para muita da música contemporânea que nos tem chegado. É sob o manto enigmático de Rabit que as suas produções atraíram admiração generalizada, inclusive da sempre atenta Bjork. Já perto de uma década de edições, o admirável arquivo por si alimentado não cessa de espantar; onde outros buscam encontrar um espaço seguro para desenvolver um léxico, Rabit prefere evitar de antemão esse espaço – percorrendo antes a área circundante com uma eterna curiosidade em redor da nuance. Sabendo que é nas margens onde se move, não será de estranhar as infusões com outros artistas multimédia, numa clara partilha de visão comum em adulterar o estado natural das coisas. Seja na pele de criador, seja na posição de editor (através da sua Halcyon Veil), Burton reúne cérebro, carne viva e muito nervo. Num campeonato musical tão vasto e fervilhante, de nomes emergentes e regressos inesperados, estamos perante um exemplo de salutar militância para com a arte em si. Faz, afinal, da ambiguidade o seu maior trunfo.

Usando uma acutilante panóplia de ferramentas personalizadas e software de música generativa, são poucos os que conseguem extrair da eletrónica uma expressão tão vívida, quase que com vida própria. Com a estreia de Communion ganhou estatuto de culto ao longo dos últimos anos, embutindo algum do melhor material que a Tri Angle ofereceu durante a sua saudosa existência. Mas da violência e da tensão, Rabit soube encontrar essas zonas limiares, recônditas e ainda em modo bruto, para fantásticos mundos artificiais como Les Fleurs du Mal ou What Dreams May Come. Instintos melódicos e convulsões emocionais alinham-se com um surrealismo digital de assinatura. E ao contrário do que se poderia pensar, nada disto é escapista; “The people running this country right now are truly the lowest level human beings – monsters… I wanted to make a work that had that level of decay”. A intenção foi expressa numa entrevista à publicação Dazed – e francamente não poderia ser mais fiel. Espelho do clima de convulsão e abismo que nos atormenta, recorda-nos também do intenso poder da criatividade. O desmontar de ideias para criar as nossas e, acima de tudo, ir contra a corrente. Seja ela qual for. NA

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