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A Hawk and a Hacksaw ⟡ Bernardo Vinagre

qua09.10.2421:00
Galeria Zé dos Bois


A Hawk and A Hacksaw
Bernardo Vinagre ©Mário Silva

A Hawk And A Hacksaw

Impossível começar uma história sobre os A Hawk And A Hacksaw sem relembrar que, em tempos – noutra vida, vá -, Jeremy Barnes foi o baterista dos Neutral Milk Hotel. Não é puxar a corda das referências, mas foi a pressão/exaustão de estar numa banda que, a dado momento, esteve no centro de um microclima, que o fez sair dos Estados Unidos e procurar outras coisas. Encontrou qualquer coisa no folk europeu, sobretudo aquele na parte oriental – Hungria, Roménia, Turquia – e decidiu tomar isso como ponto de partida. Era também um som que se alinhava com o risco que havia procurado na bateria até então.

O álbum homónimo, de 2002, ainda hoje se ouve como uma explosão de uso desses sons/referências para algo novo. Sobretudo, porque abraçou o momento antes de o ser: pouco tempo depois começavam a chegar os álbuns de beats de Madlib inundados por sons de um passado-futuro distante (na altura – e ainda hoje, em parte – se sentiam como de outro lugar) e as reedições (inicialmente via Finders Keepers) convidaram a uma (re)descoberta. Acredite ou não, A Hawk And A Hacksaw estava no centro disso tudo e o resto orbitava à sua volta. Sim, Barnes esteve na linha da frente, foi, ainda é, um visionário. Quando Heather Trost – actual parceira – se juntou em 2004, potenciaram compatibilidades e interesses e têm explorado até hoje um som que goza tanto de um respeito pela memória como pelo desafio de fazer isto com um travo avant-garde sem esquisitices.

Já vão com duas décadas a desafiar as lógicas e afinações modernas que este género de influência pode potenciar. Têm descoberto caminhos novos, criar formas de que a música continue a ouvir-se como apaixonante e, sobretudo, como parte de algo novo a refrescante que, por mais que esteja preso a influências folk, raramente se ouve como “música do mundo”: não tem aquele travo colonizador. Quer ser música de causas e consequências, os sons que explora são apenas um caminho que Barnes, primeiro sozinho e, logo depois, com Trost, encontrou para viabilizar ambiências novas. Estas já foram de uma base puramente rítmica e, hoje, estão cada vez mais próximas de um folk-ambient multicolorido. Que, sim, ainda convida a dançar. AS

Bernardo Vinagre

Bernardo Vinagre é um arquitecto português cuja prática compreende design, instalação, fotografia e música. Formado na escola indisciplinada das bandas de roque adolescentes, aventura-se a solo a construir e desconstruir malhas evocativas de guitarras com vocabulários mais informados que o seu. Da organização do espaço à organização do tempo, procura explorar premissas de composição que permitam criar jogos onde o acidente é bem-vindo e o resultado, ainda que controlado, seja sempre imprevisível.

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