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Música
Concertos

Bamba Pana & Makaveli ⟡ Luar Domatrix

sáb27.07.1922:00
Galeria Zé dos Bois


Entre constantes e diversas propostas na música de dança em 2019, e cada vez mais fertilizando outros terrenos, é sem surpresa que a mais bela alucinação volta a chegar do continente africano. É certo que se trata sempre, aos olhos de um qualquer melómano, de uma inesgotável fonte de descobertas, abarcando visões do passado, presente e futuro. Parece haver sempre e mais para escutar e celebrar. Compilações chave como Ayobaness ou Shangaan Electro deram a conhecer um entendimento peculiar local em redor de música de expressão digital, profundamente alucinatória e lasciva (tudo o que uma pista de dança pode e deve exigir).

Longe de alguma exuberância materialista anglo-saxónica, ou de um depuro mais laboratorista, Bamba Pana aperta feio no pulso rudimentar e visceral do que acima se fala. Tido localmente como um dos representantes do movimento singeli, género musical frenético e comparável a outras linguagens — hoje mais reconhecidas — como o kuduro ou grime, é na verdade um fenómeno em expansão. Retratado pela primeira vez na fabulosa coleção Sounds Of Sisso, e lado a lado com outros produtores que ainda haverão de dar que falar, foi o ano passado que viu editado Poaa. Objecto algo alienígena, com afinidades a outras encarnações de hardstyle contemporâneas como Venus X, Marfox ou Gabber Modus Operandi, traz contudo um nervo inimitável. Dos sintetizadores, drum machines e da samplagem venenosa, edifica um totem de cores garridas e relevos exóticos. Cada faixa de Poaa soa urgente e incapaz de se conter, ou até descrever, tal a complexidade e diversidade dos elementos. Absurda e genial, a palete de Bamba Pana parece ser uma das maiores explorações que se poderá fazer na música contemporânea neste preciso momento.

Um dos artistas fortes da Nyege Nyege Tapes, que ultimamente tem apresentado dinamite como Nihiloxica, Otim Alpha ou Jay Mitta, acaba por também ser uma excelente porta de acesso uma editora que em cerca de três anos já definiu um lugar de excelência. A actuação no Boiler Room com o MC e habitual colaborador Makaveli espelha, sem necessidade de palavras redundantes, a libertação presente na oferenda sónica de Bamba Pana. Um postal sonora da Tanzânia, com amor — e fervor. NA

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