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Música
Concertos

goat (jp) ⟡ Pedro Alves Sousa

dom21.07.2419:00
Galeria Zé dos Bois


goat (jp)
Pedro Alves Sousa ©Lais Pereira

goat (jp)

Marcando a sua posição face à tropa psicadélica sueca e à banda de war metal grega – e muitos mais exemplos devem até existir – com a introdução do (jp) a cartografar o seu país de origem, este quarteto nipónico regressa ao país a cavalgar o espanto e admiração generalizados a ‘Joy In Fear’ de 2023. Regresso do combo de Osaka oito anos volvidos desde a edição de ‘Rhythm & Sound’ – nome bem apropriado na sua igual simplicidade e abrangência, para dizer a verdade – e reafirmação acutilante de uma linguagem sem género mas perfeitamente resolvida. Partindo de uma formação relativamente tradicional na instrumentação – guitarra, baixo, bateria, sopros -, a banda liderada por Koshiro Hino tcp YPY reconfigura a abordagem a esse template numa música tão hipnótica quanto física, que tem num pulso polirrítmico em mutação a base para excursões tão focadas que mais facilmente associamos a alguma electrónica mais exploratória – de Autechre a Beatrice Dillon – do que a uma “verdadeira” banda no sentido mais convencional.

Podendo pensar nas sondas atiradas pelo post-punk de This Heat ou 23 Skidoo em exploração do ritmo, e cujo legado espiritual se revolve hoje em nomes como Moin, como um possível antecedente, o fluxo de som e ritmo magicado pelos goat (JP) revela uma clareza de processos e sentido de direcção tão único e focado que faz com que grande parte da armada da percussão se pareça com uma mera jam band em círculo. Texturas vítreas, explorações tímbricas decisivas e motivos melódicos vindos de vários ângulos que se vão mutando com tempo e no espaço, num conluio tão ordeiro quanto imprevisível onde a miragem do jazz atracado e fluído de Miles Davis circa ‘On the Corner’, a obstinação do minimalismo, o poder evocativo do ‘Fourth World’ de Jon Hassell e as potências virtuais da electrónica se encontram num mesmo movimento. Música que com paciência se assume como urgente, detalhada sem nunca resvalar para a esterilidade técnica e ultra-cerebral. Antes celebração e psicadelismo como nunca antes imaginado. BS

Pedro Alves Sousa

Saxofonista de rodagem imparável e energia vital para diversas movimentações nesta e noutras cidades, reconhece-se a Pedro Alves Sousa uma capacidade tão rara quanto natural de habitar e confundir diversas esferas musicais, que na passagem pelo jazz em várias formas, pela electrónica mais arisca, pelo rock enviesado e improvisações sem nome nem lugar nunca perde o acervo e cunho pessoal dos mais honestos e inconformados. Da parceria de longa data com Gabriel Ferrandini – em duo, Volúpias, Casa Futuro ou formações mais ou menos perenes – a EITR, colaborações pontuais com bandas como Black Bombaim ao mais recente conluio com Simão Simões. E por aí, para trás e para diante numa rede expansiva que tem sublimado uma linguagem tão continuamente nova quanto singular. Ofício abençoado. BS

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