O festival Luzboa 04 – Bienal Internacional da Luz em Lisboa – apresenta-se como evento cultural de cariz urbano, numa estratégia de requalificação dos Espaços Públicos e de incentivo à oferta cultural de arte contemporânea.
A celebração da Luz como pretexto, a revitalização cultural como contexto.
Entre outros, Luzboa convida agentes e instituições culturais da cidade a idealizar projectos.
A Associação Extra-muros e o Instituto Franco-Português desafiaram a galeria ZDB a conceber uma exposição que se posicionasse acerca da Cidade e da Luz.
A exposição “Cidade Iluminada” a inaugurar na ZDB no dia 24 de Junho é o resultado deste contexto.
Na galeria ZDB serão apresentadas intervenções/instalações de quatro artistas portugueses assim como uma programação específica que incluirá conferências e debates.
As premissas deste projecto partem de uma reflexão crítica acerca da cidade: entidade orgánica, agregadora de pessoas e serviços, um desejado equilíbrio entre direitos e deveres por uma convivência cívica.
A cidade da luz, a cidade que temos versus a cidade que desejamos, a urbe participada, suscita questões críticas tão amplas como a redefinição das especificidades da espacialidade, e a noção de político na arte contemporânea.
A ZDB torna-se um espaço público, crítico e operativo marcado pelas intervenções de João Maria Gusmão e Pedro Paiva, Sancho Silva, João Tabarra e o colectivo ZDB.
João Maria Gusmão e Pedro Paiva, apresentam três projectos:
“O Colosso”, filme a cores em 16mm, que tem como ponto de partida a história do gigante de Cardiff. Nos meados do século XIX a descoberta de um colosso de pedra enterrado causou sensação, e mais tarde polémica por falsificação e fraude pública. Os dois artistas recriam numa curta documental a descoberta de um artefacto submerso num lago de lama.
O (falso) ídolo reune uma áurea magéstica a ser desconstruída. O registo flutúa entre o verdadeiro proporcionado (registo visual do documento) e o falso proporcionado (o investimento colectivo excessivamente engenhoso e teatral).
“S/ Título”, é uma instalação que desenha um espaço paramnésico de representação (sensação de dejá-vu) pautada por desvíos perceptivos.
Num corredor de 15 metros obscurecido e devido a mecanismos ópticos em tempo real, o olhar fica preso a uma imagem/movimento de uma chama projectada na parede de fundo.
Segunda versão de uma peça apresentada na exposição DeParamnésia parte 3, Tercenas/ZDB em dezembro de 2002.
“O Homem Magnético”, retoma a temática paracientífica e histórica que caracteriza grande parte do trabalho de João Maria Gusmão e Pedro Paiva. O imaginável real pela via analógica ou a retoma da imagética circense do final de XIX transposta ao século XXI.
João Tabarra, apresenta uma videoprojecção:
“Apparent Phenomena estudo 2” propõe uma intervenção que fala do espaço da cidade, o espaço organizacional humano, partindo dos medos e das rupturas constantes e repetidas associados a ele. Numa instalação de vídeo serão levados à discussão e aos seus limites a organização dos territórios urbanos, a sua organizão espacial, física e emocional.
Sancho Silva, artista residente em Nova Iorque convida o arquitecto Pedro Rogado para elaborarem a peça/instalação “Vertizonte”, e propõe mais uma obra, frutos da sua residência na Galeria.
Os trabalhos “Vertizonte” e “Pixel” são intervenções arquitectónicas específicas e destacam-se pelo elemento de surpresa assim como pelos mecanismos, sempre presentes, do voyerismo e da vigilância. Os trabalhos presentes na Galeria questionam a forma como os espaços são definidos, como os seus limites e fronteiras são desenhados, demarcados e transformados.
O colectivo ZDB redimensiona a entrada e propõe um programa participado.
“Serviço de Proximidade” é uma proposta de convívio, fruto da normalização democrática. No âmbito do associativismo e da participação cidadã, o átrio da ZDB torna-se um espaço público, propício à manifestação, encontro civil e discussão de ideias. Esta intervenção propõe um programa de conferências e debates durante os dias de abertura de exposição.