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Concertos

MIKE ⟡ Salimata ⟡ Jadasea

— ZDB no B.Leza

qua28.02.2422:00
B.Leza - Cais da Ribeira Nova, Armazém B, Lisboa


MIKE ©Ari Marcopoulos
Jadasea
SALIMATA

MIKE

Michael Jordan Bonema é um construtor de mundos. A partir da sua música, esse processo de construção leva-o a diferentes papéis de criador: existem as canções onde o escutamos a descobrir e perceber não só o que o rodeia como aquilo que o move; também temos a sua editora 10k ou o seu festival, Young World, que já vai na terceira edição e que reflecte o seu gosto pessoal e o seu entendimento do que é o rap não-mainstream dos Estados Unidos da América; as duas últimas levam-nos à terceira e, diríamos, a mais importante: o seu sentido de (líder de) comunidade (encontrem-no num palco, ou num disco, com a maior, e mais unida, comitiva que possam imaginar).

Para chegarmos aqui, nada como juntar muito talento, bastante trabalho e os co-signs certos. Mas antes vamos a algumas notas soltas que podem ser interessantes para conhecê-lo melhor: MIKE viveu em Inglaterra durante cinco anos ainda antes da adolescência e lá consumiu (muito) grime. Quando regressou aos EUA, mais concretamente a Filadélfia, o instrumental de “All Caps”, faixa de Madvillainy, foi onde decidiu usar a primeira rima que escreveu. Earl Sweatshirt comprou longest day, shortest night, projecto que Bonema lançou em 2016 no Bandcamp, por 45 dólares. O autor de Doris tornar-se-ia um dos seus mentores, mas também se pode afirmar que a influência foi sentida na direcção contrária (basta ouvir com atenção Some Rap Songs e o que se seguiu). Não admira que se tenham tornado grandes amigos e colaboradores regulares.

Depois de impressionar com trabalhos como MAY GOD BLESS YOUR HUSTLE (2017), War in my Pen (2018), weight of the world (2020), “Disco​!​” (2021) e Beware of the Monkey (2022), Burning Desire, um dos seus mais recentes discos (menos de um mês antes brilhou ao lado de Wiki e The Alchemist no álbum Faith Is A Rock), mostra-nos um artista cada vez mais aguçado na escrita (e mais esclarecido na forma como transpõe as dores e as alegrias para palavras) e na produção (enquanto dj blackpower, o seu alter-ego de beatmaker, vemo-lo a alcançar novos e entusiasmantes níveis em canções como “plz don’t cut my wings”, “U think Maybe?” ou “should be!”). E, mais uma vez, o sentido comunitário volta a aparecer: Liv.e, Venna, Klein, El Cousteau, Niontay, Lila Ramani, Larry June, mark william ellis e Earl Sweatshirt acompanham MIKE em mais um retrato de família (que não pára de crescer). Alexandre Ribeiro

Jadasea

Jadasea é um elemento crucial na cena hip hop local do sul de Londres – onde nasceu e cresceu. Começou por chamar a atenção como membro dos Sub Luna City, ao lado dos seus companheiros de banda King Krule, Jesse James Solomon, Rago Foot e Black Mack. Jadasea é uma ponte importante entre Londres e Nova Iorque através das suas colaborações com rappers como Wiki e MIKE (ambos com quem fez digressões). Lançou um projeto de colaboração com MIKE intitulado Old Earth e, mais recentemente, lançou The Corner: Vol. 1, um projeto de colaboração com o produtor de Nova Iorque, Laron.

Através de um contínuo fluxo de lançamentos a solo, tais como half-life (inteiramente produzido por King Krule), LOOKALIVE!, e time will tell, Jadasea esculpiu uma faixa sónica única. Com um ouvido irrepreensível para um tipo de produção obscura que se funde perfeitamente com a sua cadência ultra descontraída, Jadasea faz com que a batida e os vocais nas suas faixas se entrelacem.

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