Enquanto figura central de novas expressões musicais na aurora do milénio, esteve ao lado de Avey Tare, Rusty Santos ou Black Dice, documentando uma cena musical extasiante e de múltiplas frentes. Por anos, foi um período de imensa fertilidade criativa: a revalorização do noise, o surgimento de uma folk sem regras ou cosmologias eletrónicas que respiravam o início de uma nova era. Muitas foram as gravações em caves convertidas em estúdios caseiros, entre projectos colaborativos ad hoc e a solo; um extenso corpo de trabalho que partiu da experimentação mais abstracta rumo a estruturas mais próximas da canção. Foi então com os Animal Collectice que mais notoriamente reimaginou as formas e as cores da pop em redor de um psicadelismo livre. Eventualmente haveriam de chegar a outros públicos e a outros patamares, com uma mão cheia de discos que se tornaram clássicos absolutos – tal como os álbuns de Panda Bear se transformaram em álbuns referenciais.
Mantendo viva a chama da curiosidade e a importância do pensamento criativo, disco após disco procura explorar novas ideias e sons. Não se deverá aplicar uma palavra tão pesada quanto reinvenção pois, afinal, continuamos a reconhecer a natureza perfilar; mas existe, contudo, uma vontade de aprofundar e diversificar matérias que, naturalmente, irão desembocar em novas paisagens. Nos recentes anos, vimo-lo participar em álbuns de Pantha Du Prince, Nosaj Thing, Jamie XX ou até dos icónicos Daft Punk, demonstrando a transversalidade que conseguiu nos quadrantes da eletrónica e pop actuais. Com Reset, de 2022, juntou-se a Sonic Boom (ex-Spacemen 3) para uma aventura de texturas inéditas – e um belíssimo acréscimo às produções de mais de duas décadas do norte-americano. Regressa ao palco do Aquário acompanhado de novos músicos, para temas eternos e vislumbres de um futuro próximo. NA