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Música
Concertos

Seefeel A/V ⟡ Helena Silva

dom30.03.2521:00
Galeria Zé dos Bois


Seefeel ©Jonathan Wood
Helena Silva

Seefeel

Em 2021, a reedição da discografia dos Seefeel na Warp/Rephlex nos 1990s relembrou-nos o quão, muitas vezes, o presente é imperdoável, pela mania das tendências e de se ouvir o que se consegue compreender no momento. Começaram como uma banda de guitarras, foram associados – correctamente – ao shoegaze, mas isso foi também uma praga para o que veio a seguir, quando transformaram a ideia de canções em sombras electrónicas. Porque, afinal, desde sempre, mesmo em “Quique”, primeiro álbum, mais formal, foram uma banda de matéria e menos do conforto do conhecido.

As reedições da Warp criaram uma razão para voltar a ouvir música que era muito angular para ser percebida pela malta de tunnel vision das guitarras e muito simpática para a matriz vanguardista da Warp da altura. De repente, muitos negacionistas redescobriram-nos e reavaliaram, uma outra geração descobriu que a música de Mark Clifford e Sarah Peacock era intemporal para ficar perdida em rótulos dos 1990s. Ou seja, as reedições permitiram que fossem recontextualizados e que isso abrisse as portas para os querermos de volta.

Mesmo assim, o miniálbum deste ano surgiu como uma surpresa. “Everything Squarred” é uma evolução natural do seu som, não o que deixaram nos 1990s, ou até no álbum homónimo de 2010, mas uma evolução abstracta daquilo que idealizaríamos que soassem em 2024. O presente de hoje é-lhes, contudo, mais gentil. Eles criaram caminho para que outros projectos/bandas experimentassem durante mais de três décadas e agora é como se regressassem para colher os frutos. Não para dar uma voltinha de celebração, mas para mostrar como o presente é mais vivo do que a nostalgia, de que por mais que celebremos os seus álbuns dos 1990s, o que criam hoje é relevante, contemporâneo e oportuno. Ainda é o som, ainda é sobre o som e uma procura insaciável de materializar esse som. Para os de outro tempo, o shoegaze continua lá, de outra forma, também ela oportuna. Vê-los no ativo, num espectáculo A/V, em 2025, é um privilégio. AS

Helena Silva

Helena Silva nasceu a 3 de Maio de 1996 na cidade do Porto. Iniciou os seus estudos musicais em 2008 com o professor Armando González, na Escola Profissional de Música de Viana do Castelo. Aos 18 anos ingressou na Universidade de Aveiro onde concluiu a sua licenciatura nas classes dos professores José Pereira e Nuno Soares. Em 2019 terminou o Mestrado em Ensino de Música nesta mesma universidade, com o professor Nuno Soares. Participou ativamente e como ouvinte em masterclasses de violino com os professores David Dolan, Lyonel Schmit, Alexandra Greffin, Daniel Rowland, Augusto Trindade, José Paulo Jesus, Barry Cooper, Zofia Woycicka, Kai Gleusteen e de música de câmara com Ryszard Woycicki.

Durante o seu percurso integrou várias orquestras como a Orquestra Arte Sinfónica, Orquestra. Viv’Arte, Orquestra DeCa, Orquestra Filarmónica de Braga, Orquestra Con Spirito, Orquestra Movimento Musical Cooperativo e Orquestra Barcina, participou no 2o Estágio Nacional Orquestra Sinfónica de Jovens AMCC, no 14o Estágio Nacional De Orquestra Aproarte e na 2a edição da Academia de Verão do Remix Ensemble da Casa da Música, sob a direção dos maestros Peter Rundel, Javier Viceiro, Ernst Schelle, Juliàn Lombana, Ariana Dantas, Vítor Matos, José Eduardo Gomes, Diogo Costa, Jan Wierzba, Luís Carvalhoso, Rui Pinheiro, Luís Carvalho, Kira Omelchenko, entre outros.

Apresentou-se em diversas salas de concerto em Portugal, nomeadamente a Casa da Música, Centro Cultural de Belém, Coliseu do Porto, Europarque, Teatro Aveirense, Teatro Sá de Miranda e Theatro Circo. Concluiu em 2021 o Mestrado em Performance de Música no Royal Conservatoire of Scotland em Glasgow, nas classes dos professores Hector Scott e Bernard Docherty. Durante o seu tempo na Escócia, teve a oportunidade de trabalhar com vários grupos como o Kelvin Ensemble e o Nevis Ensemble, liderou a RCS Orchestra e foi selecionada para participar no “side-by-side” com a BBC Scottish Symphony Orchestra.

Transversalmente ao seu desenvolvimento enquanto instrumentista e intérprete de música erudita, Helena Silva integrou entre 2013 e 2018 a banda barcelense indignu [lat.], com quem gravou os discos “Odyssea” e “Ophelia”. Conta também com participações em discos de artistas como Cícero, Grutera e Filipe Miranda. Em 2015 foi convidada a acompanhar o artista britânico Antony & the Johnsons, atualmente conhecido como Anohni, no espetáculo dado no festival NOS Primavera Sound.

Em 2023, Helena Silva iniciou colaborações com o maestro Martim Sousa Tavares, nas peças “O Anel do Unicórnio” e “Uma Outra Bela Adormecida”, e com o encenador Ricardo Neves-Neves na peça “Noite de Reis”. Em Março de 2023, lançou o seu primeiro EP intitulado “Manta”, cujo tema “Trópico” foi destacado pela BBC. No final do mesmo ano, realizou uma residência artística em Bali, durante a qual teve a oportunidade de colaborar com uma série de artistas internacionais e iniciar a composição daquele que viria a ser o seu primeiro álbum a solo.

Durante 2024, Helena Silva esteve focada na composição e gravação do seu primeiro álbum de originais, entitulado “Celeste”, que verá a luz do dia em 2025 pela editora Modern Drift.

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