Oriundo de uma comunidade de produtores e DJs de vistas panorâmicas, rapidamente se destacou como agitador maior. Já com uma vasta lista de lançamentos discográficos, a década de produção musical de Naples tem-se feito de uma visão refrescante e inventiva no cenário da eletrónica. As composições de laivos dub e toadas psicadélicas resultam numa energia de ascensão ongoing. Descartando qualquer tipo de fórmula, existe, no entanto, um sentido de fusão e encantamento. Encontram-se elementos da música ambiental, acid-house ou pós-punk, embora esse jogo de identificar símbolos se torne rapidamente labiríntico; a magia de Anthony Naples é real e faz-se num estado de bálsamo activo.

Chameleon é o quarto e mais recente disco de 2021. Disco sem GPS à medida, faz por encontrar paraísos longínquos à mente e revela um laboro artesanal no tratamento de melodias – com respiro, mas sem nunca esquecer o rumo. Naples parece não necessitar de um ritmo óbvio para incutir o movimento no corpo ou a viagem na cabeça. Na verdade, coabita entre a ausência e a presença desse motor, confortável nesse limbo onde coisas fabulosas simplesmente acontecem. NA

Co-fundadora da Incienso, Jenny Slattery é conhecida pelos seus dj sets incendiários. De coração ancorado à música global, reveste novas expressões rítmicas à tradição, numa imaginária espécie de demanda da selva na urbe. Cada gig é um pequeno grande universo de memórias, visões e alucinações fragmentadas num puzzle curioso de seguir e viciante na escuta. Uma peça chave nesta noite imperdível. NA

Facilmente um dos nomes imprescindíveis neste momento, DJ Python trouxe toda a coolness possível à pista de dança. Reinterpretou a linguagem do reggaeton como ninguém, resgatou o dancehall com reconhecimento e continua a abrir caminhos inesgotáveis numa maravilhosa eletrónica mestiça. A brisa de outros trópicos que Brian Piñeyro faz sentir com as batidas arrastadas e as melodias derretidas é um selo muito pessoal que o torna numa figura única.

Toda essa magia para a cabeça e para corpo tem vindo a ser registada num percurso de discos essenciais, colaborações diversas e remisturas para gente boa. Mas Amable terá sido certamente um dos álbuns mais celebrados no ano da pandemia. Audaz e sensual, foi o antídoto emocional perfeito para um mundo em aparente colapso. Já este ano surge uma mão de bangers através do EP Club Sentimientos Vol.2 e a participação com Naples no disco Air Textures VIII. É um daqueles exemplos em que sentimos que o futuro passa por aqui. Música que hipnotiza, eleva e cura. NA