Inspirada na mitologia grega e na famosa pintura surrealista The Nymph Echo (1936), de Max Ernst, esta performance reflete sobre a figura das mulheres como criaturas míticas em relação ao mundo moderno.
A representação das ninfas, sirenas e sereias como personificações da beleza, da feminilidade e de uma profunda conexão com a natureza destaca o fascínio atemporal e a mística associada a essas figuras. As suas qualidades divinas, curativas e metamórficas fazem delas símbolos poderosos de transformação e resiliência.
Ao introduzir uma sereia-ciborgue inspirada no ensaio A Cyborg Manifesto (1985), de Donna Haraway, esta performance reinventa a ninfa como uma figura híbrida que navega pelas interseções entre humanidade, tecnologia e natureza. Echo torna-se um eco — uma reverberação, um reflexo do que é ser ninfa. Ela transcende o papel de musa para se afirmar como agente de transformação, metáfora para os papéis e identidades em constante evolução das mulheres na sociedade contemporânea. Sempre observada, admirada ou julgada — o que significa ser mulher nos dias de hoje?
Ieva Bražėnaitė (Lituânia) e Iro Xyda (Grécia) são uma dupla de bailarinas, performers e criadoras sediadas em Lisboa. Conheceram-se em 2019 no FOR Dance Theater da Companhia Olga Roriz, dando início a uma amizade e a uma colaboração artística contínua. Juntas, criaram duas performances de dança: AEQUARE (2023), em colaboração com a artista plástica Pinelopi Triantafyllou, e The Nymphs’ Echo (2024), com a participação do artista visual e animador lisboeta João Figueiras. Com esta última performance, que integra elementos de dança, vídeo e cinema, o trio circula por vários espaços em Lisboa, criando uma experiência íntima, sensível e cativante, numa tentativa de abordar temas atuais como a relação entre natureza e tecnologia, a história dos géneros e as dinâmicas da identidade contemporânea.