ZDB

Visual Arts
Exhibitions

Baahahal

— exhibition by Pizz Buin

28.02 — 10.05.25
Galeria Zé dos Bois

Opening: 28th de February 9pm

Schedule:
Monday to Saturday
6pm — 10pm

©Jorge das Neves

Baahahal

Baaaaahh
Ah ah ah ah
Há papel para isto tudo?
O aço é duro
O osso é mole
Só sobrou cascalho
O pilim virou pudim
Nem cheta restou
Do restolho ao olho
O cascalho no fogo
E o cão?
ITA Ita ufa UFO

Do Ouro aos Deuses
No episódio do bezerro de ouro, contado no Livro do Êxodo, manifesta-se a tensão entre poder, representação e matéria, e a coexistência de extremos num mesmo objecto: a criação de imagens e a sua destruição, o visível e o invisível, o material e o imaterial, o animado e o inerte. O bezerro é sagrado não porque representa Deus ou porque é feito de ouro, mas porque é uma imagem divina. A imagem é tão poderosa que concorre com Deus como um seu rival. A sua materialidade consegue tornar visível o que supostamente seria invisível, consegue tornar presente a divindade. É esse paradoxo de concreto e abstracto que caracteriza também a arte.

Uma intervenção Pizz Buiniana nesta história só podia provocar a intrusão de uma gargalhada, uma espécie de glitch na palavra Baal, deus dos cananeus representado como um bezerro. Pizz Buin pode cair na tentação idolátrica, mas fá-lo através de um «iconoclash», um lugar ambíguo de destruição/criação: a imagem pode reinventar-se a si mesma e reproduzir-se como imagem tendo por base a destruição da própria imagem.

Em Baahahal, propõe-se a veneração de uma forma que vive do disforme, um totem de corpos irreconhecíveis. O fogo criador gera neste caso um processo de desdiferenciação, uma regressão a um estádio anterior que permite à matéria transformar-se ela mesma numa outra coisa — um processo de devir-outro que está em permanente acontecimento. Aqui, é a própria obra que instaura um espaço de procura de uma imagem em potência. Uma imagem-que-foi transformada agora numa imagem-ainda-a-ser, ou numa «arte ainda por vir» atingida já pela fúria do impacto da sua aparição.

Texto de Liz Vahia escrito a propósito da exposição Baahahal, de Pizz Buin, apresentada no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra.

A autora não segue o Acordo Ortográfico em vigor.

Pizz Buin

Pizz Buin is an artistic collective formed by Rosa Baptista, Irene Loureiro, Vanda Madureira and Sara Santos. PB was formed in 2005 in the hangover of the artistic production of modernist and contemporary theories still lit in the specific context of the art school.

The course of this collective is marked by a performance approach, usually defined as action, inspired by the artistic avant-gardes of the 60s/70s and where criticism and humor emerge as the main medium.

All the works reflect precisely this transient quality of piece of art consumed on site, often surpassing the materials that give it shape.

Collections

Casacalho, collection of the ZDB Gallery (Zé dos Bois), Duros (from the Bahahal exhibition), collection of the Porto City Council, Inferno: Apareceu em Rio Tinto, collection of the Portuguese Ministry of Culture, CASA Project, EDP collection, (initially Pedro Cabrita Reis collection)

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