Ou estamos a ficar velhos ou o tempo está a passar muito rápido. Os Acid Mothers Temple celebram trinta anos em 2025. Há trinta anos que Kawabata Makoto anda a concretizar uma ideia tão simples, mas arrojada, e que é tão poucas vezes concretizada por artistas que se colocam ao rótulo do psicadelismo: fazer música que é uma tripe do caraças. Digamos que tem cumprido, independentemente do álbum, da formação da banda, do nome que a banda assumiu em determinado momento ou do local onde a tenhamos visto actuar. Fazer rock psicadélico, sem merdas, ou motivos de maior para lá disso -ser uma tripe do caraças – tem sido suficiente para nos deixar felizes ao longo de – caramba, já? – trinta anos.
Por isso, celebremos os Acid Mothers Temple. São o resquício de uma ideia que, embora possa ser renovada, dificilmente encontrará militantes tão dedicados e convictos de que é possível (sim, só fazer música que é uma tripe do caraças) como Kawabata Makoto. Não é só um estado de espírito, um à-vontade, é também um conhecimento de como saber cruzar estudos da música contemporânea europeia da segunda metade do século XX, com as ideias de jam intrínsecas do krautrock, as jornadas psicadélicas em segunda mão que o Japão apanhou dos 1960 até aos 1980s e que, mais do que mimicar, soube construir um património no qual serve de inspiração ainda hoje. Não só para o rock mas para quase todos os géneros musicais. E, claro, também serviu como uma das bases para Kawabata Makoto acreditar e trabalhar uma ideia de rock enquanto algo transcendental que vive do momento e do êxtase de pegar e tocar numa guitarra. Uma ideia que sempre teve uma identidade e que sabemos identificar de imediato mal começamos a ouvir as primeiras notas de algo dos Acid Mothers Temple. Trinta anos de êxtase contínuo, com os altos e baixos de quem não tem medo de arriscar e que sobe ao palco para nos dar a melhor experiência possível, da melhor forma possível e para que nos lembremos de que é real subirmos lá acima sem nunca precisar de descer. AS
