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Transdisciplinar
segundas na z

ANAMNESE DE H. ~ segundas na z

— por Miguel Ferrão Lopes, Julian Sanchez, Afonso Gaspar, Fábio Musqueira

seg14.10.2422:00
Galeria Zé dos Bois


Heliogábalo © Guilherme Gouveia
Heliogábalo © Guilherme Gouveia
Heliogábalo © Guilherme Gouveia

~ segundas na z ~ Encontros e experimentação, todas as segundas-feiras, no terraço, 22h. Iniciadas por Claudia Lancaster, continuam com Laura Gama Martins.

ANAMNESE DE H. *

Colei cartazes com o meu nome pelas ruas vazias da cidade.
Sem ti, sou só a solidão de cara franzida. Aguardo de esquina em esquina, de parque em parque, nos degraus das igrejas que se esburacam, nos ausentes bancos onde os pedintes se rebolam, reconhecer o cheiro do teu suor e esfregar-me nas manchas dos teus trapos ressequidos. Trespassar com os meus calejados dedos por entre a virtude dos teus atributos, tantos que eram capazes de suster a minha respiração. Enrolar-me nos pingos que aí se prendem, beber-te de imediato.
Onanizar a grandeza de todos com sisudez, porquê? Estou só no mundo, Genet.

* ANAMNESE DE H. é uma abordagem consequente ao objecto duracional HELIOGÁBALO, estreado em Dezembro de 2023, n’A Piscina (Porto). HELIOGÁBALO resulta da pesquisa O FLORESCIMENTO PRODIGIOSO DA RAIVA, integrada no projecto-curadoria “All Tomorrows Parties” dos Silly Season e da Rua das Gaivotas.

HELIOGÁBALO é um objeto híbrido que esbatendo as fronteiras e formas clássicas e negando a expressão artística como divisível, resulta de uma simbiose entre as artes performativas, visuais e sonoras. O teatro e a dança, a performance, o cinema, a fotografia e a música confluem para a criação de uma narrativa não-linear. O seu contexto estético e dramatúrgico recai, ancorado na palavra literária de Genet e no corpo performativo-narrativo, na desconstrução do corpo-matéria e do corpo-memória, na coexistência arte-veiculo, arte-ritual e ritual-performance (Grotowski) e no lugar corpóreo do teatro da crueldade (Artaud).

HELIOGÁBALO pretende ser uma experiência sensorial onde o público, os performers e os músicos se encontram. Um lugar místico de emoções onde os corpos se cruzam no ruído industrial da música electrónica e na melodia dos instrumentos, na projecção da imagem sublime, na voz que ecoa a poética da palavra e do pensamento, na luz que se vislumbra por entre as esculturas, e na dramaturgia da fisicalidade do corpo-acção.

HELIOGÁBALO é uma performance site-specific que se procura instalar em diversos espaços para que a mesma se possa ir transformando pela adaptação às características de cada lugar, mas também pela consciência da passagem do tempo (a memória) e da verdade em cada momento-acção (apresentação) – originando, desta forma, diferentes objectos estéticos. Acreditando que um objecto artístico dificilmente se finaliza, pois há uma constante construção ou mutação do mesmo; interessa pensar o processo criativo como o eixo primordial da arte. Grotowski, ainda sobre a Arte como Veículo, refere que o teatro (a arte) se deve reger pelo seu processo pois é nele que o intérprete/criador se permite descobrir através da imersão no seu corpo-consciente.

Miguel Ferrão Lopes

Miguel Ferrão Lopes, licenciado em Cultura Visual e Fotografia, conclui o Programa Avançado de Criação em Artes Performativas com curadoria de Vânia Rovisco. Criador e intérprete de projectos multidisciplinares, destaca “We might look for new lovers” (2019), “El cuerpo consumido por su propia naturaleza” (2021) e “Heliogábalo” (2023). Trabalhou com André Uerba e Ana Borralho & João Galante. É intérprete em “Só eu Tenho a Chave desta Parada Selvagem” e “O Escuro que te Ilumina ou As Últimas Sete Palavras de Cristo” de Mónica Calle; e em “Sounding Bodies” de Maria Inês Roque.

Julian Sanchez

Julian Sanchez é artista plástico e performativo, licenciado em Pintura com especialização em Performance pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Desenvolve trabalho em performance, vídeo-performance e pintura. Criou e apresentou “Canto Ancestral”, “34” e “El Barco Roto”. É co-criador e intérprete em “Eres victima de tu propio invento” (2021), “El cuerpo consumido por su propia naturaleza” (2021) e “Heliogábalo” (2023). Trabalhou com Marcelo Evellin e Victor Hugo Pontes. Expôs na Casa das Histórias (2018) e foi seleccionado para o Prémio SGPCM/FBAUL (2019).

Afonso Gaspar 

Afonso Gaspar é músico e performer, formado pela Escola Superior de Música de Lisboa. Esteve envolvido na Semana dos Compositores com Luís Tinoco e Victor Hugo Pontes (2021-2023). Destaca a interpretação em “Só Eu Tenho a Chave Desta Parada Selvagem” (2022) de Mónica Calle e “Heliogábalo” (2023) de Miguel Ferrão Lopes; e a composição musical da trilha sonora da premiada curta-metragem “Cherry Passion Fruit” de Renato Duque. Tem vindo a colaborar em projectos de Ricardo Neves-Neves, Michel Simeão, Martim Sousa Tavares, Daniel Pizamiglio, entre outros.

Fábio Musqueira

Fábio Musqueira é compositor e produtor musical, assistente de produção e cenografia. Responsável pela produção musical da vídeo-performance “Meet me halfway on a visual experience” (2020) e da performance “Bleak” (2021) de Filipa Duarte; e dos objectos performativos “O Florescimento Prodigioso da Raiva” (2022) e “Heliogábalo” (2023) de Miguel Ferrão Lopes. Em 2023, lança o EP de estreia “Vis-à-vis”, assinado como Malseine, e consolida o seu início de percurso como DJ na cena underground parisiense.

Mariana Vale

Mariana Vale é uma artista multifacetada. Estudou Design de Moda e Têxtil na Escola Superior de Artes Aplicadas (Castelo Branco) e concluiu o Curso de Madres e Moldes Cerâmicos (Caldas da Rainha). Uma exploradora no mundo das artes, na procura de formas e texturas. Produziu o espaço sonoro da instalação “Eres victima de tu propio invento” e da performance “El cuerpo consumido por su propia naturaleza” (2021) de Julian Sanchez e Miguel Ferrão Lopes. É responsável pela criação das esculturas em cerâmica da performance “Heliogábalo” (2023).

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