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Música
Concertos

Coby Sey apresenta ‘Conduit’

qui15.09.2222:00
Galeria Zé dos Bois


Com uma justificada obsessão, tem-se vindo a calibrar o nome Coby Sey no imaginário vivo de alguma da mais relevante criação a sair do Reino Unido nos últimos anos. Para alguns pode ter começado com “Devotion” (2018), de Tirzah, onde colaborava em alguns temas e marcava uma posição muito veemente. Ou pouco depois quando o colectivo Curl surgia, com Mica Levi e Brother May. Ou, com mais atenção, quando editou o seu 10” de originais na Whities, em 2017. Mas mesmo quando chegou aí, já havia editado e até colaborado com Dean Blunt no seu Babyfather. O ponto que se tenta provar é que Coby Sey anda aí há algum tempo, o suficiente para se reconhecer a sua voz, o suficiente para entender como integra uma linha da vanguarda da electrónica britânica. Não é um nome que colabora, mas um com quem se quer colaborar.

Tanto nos exercícios a solo como nas colaborações, expressa-se com vontade de realçar a personalidade e pensar, transcendendo a ideia de que o que faz se limita à música, e é, sim, um acontecimento que a ultrapassa e se expressa com vida, com um coração a bater e a formar um corpo, uma identidade. Com isso presente, existe “Conduit”, editado pela londrina AD 93, o álbum com que Coby Sey viveu obcecado durante anos e que encontra existência neste Setembro de 2022, momento em que também actua na Galeria Zé dos Bois. Cabeça, ideias e música fresca, num álbum que é todo Coby Sey. Apesar de algumas colaborações, escreveu, tratou dos arranjos, produziu, misturou e toca vários instrumentos em “Conduit”. A obsessão é-lhe natural, quando se refere ao que cria, fala sempre da vontade de montar algo com uma voz única. Não para se distanciar do Coby Sey que aparece associado a outros nomes – porque, afinal, é o mesmo Coby Sey -, mas para fundamentar uma ideia de som enquanto arte e menos uma de música enquanto instrumento pop: embora exista carne pop em “Conduit”. Não se estranhe se ao ouvir Coby Sey exista uma estranha viagem ao sentimento de ouvir, pela primeira vez, Tricky nos 1990s. Pela forma como encurta distâncias entre diversos géneros e os encaixa numa ideia de que o hoje é o amanhã. Urgente, portanto. Que não seja por FOMO, mas pela vontade de ver uma mente brilhante que pensa o som enquanto arte e o transforma numa experiência única, física e global. AS

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