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Música
Concertos

Deli Girls ⟡ HIFA & Ro666in

sex19.05.2322:00
Galeria Zé dos Bois


Deli Girls ©Andrew Hallinan
HIFA

Deli Girls

São uma das propostas mais revigorantes a surgir da sempre irrequieta Nova Iorque. Danny Orlowski and Tommi Kelly conheceram-se no percurso académico, mas depressa trocaram as aulas pelas sessões no estúdio. Com Deli Girls têm montado um manifesto punk que continua a transmutar-se de álbum para álbum. No palco, saltam testemunhos de celebrações suadas, difíceis de descrever pela intensidade do que vai acontecendo. Esse elemento de imprevisibilidade é uma força gravitacional na sua música; força essa capaz de atrair e expulsar sentimentos antagónicos, frequentemente maiores que o autocontrolo. Recuperando alguma da expressividade do scremo dos 90s com uma eletrónica em absoluto zapping pelos seus confins, não falta sequer o sarcasmo, e até o exagero, usadas como pedras de arremesso à declarada guerra contra o desespero. Os Deli Girls usufruem dessa liberdade identitária, estética e até política, que os permite usufruir de um léxico muito pessoal.

Orgulhosamente queer, criam um espaço imaginário onde heróis manga, demónios ancestrais e personagens de ficção científica são elementos convocados para canções-bomba, tão radioactivas quanto sanadoras. Há fumo denso e glitter a flutuar no ar, ou pelo menos, assim se sente o vento ao escutar a tríade de álbuns existentes até à data. Boss continua a soar majestoso pelas propostas que atesta, I Don’t Know How To Be Happy é um eterno grito de ansiedade e hedonismo, enquanto Evidence preserva a melhor brisa rave de que há memória. Talvez aquele elo perdido, e pouco vislumbrado, entre o nu-metal dos pioneiros Senser ou o esoterismo futurista dos Genghis Tron com o maximalismo pop de uns 100 gecs (na verdade, o teor surreal aqui existente só tende a ser exponencial).

Contas feitas, estamos perante autênticos iconoclastas que acartam questões complexas e inquietudes mundanas. Não é certo onde encontraremos os Deli Girls daqui a alguns anos, porém é justo afirmar que este tempo presente é deles. NA

HIFA & Ro666in

Após aquelas que o próprio considerou as suas primeiras investidas na catarse rave documentadas em ‘It Spreads Underground’ de 2019, o também baixista bem fluído da banda de nëss e bbb hairdryer entra definitivamente pelo club adentro pela sua via mais extática e retorcida nesta sua estreia pela Rotten\Fresh. ‘Season One: Throbs’ faz uso e abuso do kick e da velocidade gabber sem com isso fazer um rehash do Thunderdome, sintetizando toda a euforia à luz dos dias de hoje, num cruzamento pesado com as síncopes do footwork, a cortina de fumos da Bunker e um recorte atmosférico que não se fica pelos stabs incessantes do mero revival happy hardcore. Há tensão, densidade e um fluxo mutante que levam esta música a terrenos inóspitos. (texto por Bruno Silva)

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