Viajante de espaços mentais ambíguos e outras conjunturas quânticas, Evan Majumdar evoca a longa história musical de Sheffield. Filho de um famoso agitador contracultural da cidade, esse legado não o prende a uma história passada, senão a uma história ainda por contar. E nesse sentido, o jovem produtor e dj tem pavimentado uma ainda curta, mas sólida, identidade na sempre concorrida liga eletrónica britânica. Com um ritmo de trabalho intenso, para além das mixes, álbums ou remisturas que se oficializaram nos últimos anos, o próprio cultiva um robusto arquivo digital via Dropbox onde vai partilhando links de temas inéditos – alongando esse fluxo sonoro para lá do tangível.
Prolífero nos universos esfíngicos que constrói, é uma amostra ideal do autor que não se contenta com o óbvio. Exemplo disso é 9696 Dream, disco seguro das suas origens que passam desde o catálogo da histórica Warp até às reconfigurações abstratas do grime e electro. Invariavelmente o zénite é alcançado quando mais se afasta da lógica; os exercícios rítmicos que se elevam entre arpeggios e toadas melódicas que nascem de uma introspeção acessível e uma natureza exploratória de possibilidades criativas despegadas à estrutura. Acidentalmente ou não, continua a criar narrativas – talvez mais envolventes que nunca. Ao invés de apresentá-las num todo, opta por deixar pistas para que cada um possa encontrar a forma que imagina. Ora, é precisamente nesse cruzamento, entre interpretação e sugestão, de onde advêm os maiores fascínios.
tender, exit surge o ano passado como peça ímpar. Pela primeira vez, traz voz às composições e mais brilho na penumbra. Manobra uma elasticidade envolta de luminosidade laser, através de interferências sonoras inusitadas ou súbitas mudanças de rota (daquelas que alcançam resgatar um sorriso de rebeldia). Num equilíbrio perfeito entre o frenético e o letárgico, 96 Back domina a linguagem transfronteiriça como poucos – e uma energia vital para os tempos que correm. NA